Molestadores incuráveis
Parece que estamos tão habituados aos casos mais hediondos que exibem a nossa natureza bárbara, que somente quando algo extrapola o “normal” é que nos lembramos em que tipo de sociedade vivemos ou mesmo daquilo que o ser humano é capaz de fazer contra sua própria espécie.
Mas dizer que o homem estupra porque foi educado a achar que a mulher é apenas um objeto de uso é limitar a abrangência de casos (quantas crianças não são molestadas diariamente?) e esquecer que o problema é muito maior, que não está restrito ao sistema social, à cultura, mas que está lá nas profundezas da psique, por isso é quase impossível perceber quem será a vítima, quando um ataque irá ocorrer; embora praticamente todos os casos mais discutidos e divulgados envolvam mulheres da mais variadas classes sociais ou raças.
Obviamente que somos (nós, os homens) educados a nos sentir os dominantes, os que têm a “atitude”, os que seduzem, isso se acentua quando estamos em grupo, ao falar de nossas conquistas ou comentar sobre “aquela mulher do ‘rabão’ ”... nada mais machista não? Porém, achar que a maioria dos estupradores não sofre de alguma doença psíquica é supor que qualquer homem seria capaz de cometer tal atrocidade (já que fazem parte dessa “cultura do estupro” onde esse ato é praticamente validado e amplamente divulgado pelos meios de informação midiático); duvido qual homem gostaria de participar de tal quadro, pois somos seres “românticos”, “naturalmente bons”.
Poderíamos tentar reeducar nossos filhos, criar uma nova visão acerca do corpo feminino, que ele pertence à mulher apenas; inculcar na mente dos potenciais homens o quanto repugnante e desprezível é invadir seu espaço com comentários, ainda mais tentar macular seu corpo. Mas ainda assim sobrarão os casos psiquiátricos.
Partindo disso perguntamos: por que então o sistema prisional não é suficiente para inibir os casos, mesmo quando esses doentes sabem que irão sofrer da mesma monstruosidade que praticaram ao serem encarcerados? Porque, em parte, o problema não está apenas no encarceramento, na efetividade das leis, e sim na “natureza humana perversa”. Dessa forma a castração química para aqueles que já foram denunciados e identificados seria uma solução razoável, pelo menos nos casos em que o desgraçado estuprador seja capturado. Aqui sim, o problema da natureza perversa irá ser “resolvido”.
E nos casos em que os sujeitos agem de forma consciente, cientes de que estão a cometer um ato puramente motivado pela sua capacidade de dominação, sua "superioridade" de gênero instituída no contexto social?
Fuzilamento, prisão perpétua, castração física? Por que não?