Pensamento

Estava deitado na cama lendo um livro de Drummund quando encontrei um poema que me interessou: "APELO A MEUS DESSEMELHANTES EM FAVOR DA PAZ". Ele me pareceu interessante. Quis me inteirar sobre ele. Pensei então em riscar o livro com o marca-texto (riscar um livro novo, com dó, mas marcando o que existisse de mais interessante naquele livro). Passei a pensar em fazer isto em todos os poemas que fossem lidos por mim e que me despertassem alguma essencialidade. Logo após pensei em como meu pai não gostava de riscar livros. Gostava-os essencialmente limpos. Logo depois pensei nos hábitos, nas mudanças: eu também era como meu pai. Pensei depois quando eu critiquei as idéias de um cidadão qualquer: dizia que as obras de artes deviam ser riscadas, tacadas em tintas, rasuradas, reescritas: em suma, não deveriam manter a nobreza da arte já feita, mantida como clássica eternamente. Depois pensei no modo como eu penso: meu pensamento desfragmentado, inútil, enojado.