O CHEIRO DA PAPAIA VERDE
Acabei de ser transportada. Fui levada a um mundo onde a serenidade acontece em harmonia com a paixão. O equilíbrio do homen é visto quando percebemos seu contato íntimo com a natureza, de afinidades, sem receios. É uma música que soa diferente em nossos ouvidos, uma tradição distinta e limpa, cores sutis, ainda que o clima seja o mesmo quente e úmido que conhecemos.
Mais uma vez, o sentimento de um filme me levou a sair de minha cama, debaixo das cobertas e ser uma das personagens. Ou querer ser. Vemos uma vida se descortinar sob nossos olhos... uma criada, criada desde pequena em uma casa de família, ao tornar-se adulta é obrigada a sair por falta de condições financeiras da casa. Ela passa a trabalhar para um amigo da família, mantendo o mesmo círculo social, a mesma situação. E há um misto de passividade e leveza, onde os valores são outros, as ambições não se percebem tanto e vemos o comportamento minimalista e sereno de outra cultura.
Não que o Vietnã seja tranqüilo e pacato, mas isso pouco importa neste momento. O Cheiro do Papaia Verde nos domina pelo olhar, pelo gosto que quase sentimos e odor que queremos tanto participar. Não há muito barulho e até a desarmonia, se é que podemos tratar as dores assim, são flagradas nas expressões de pessoas de rosto simples e bonito.
Sim, é um filme de pequenas grandes ações. Os corações desavisados podem sofrer de amor ou desilusão nesse filme. Os longos planos-seqüência nos ajudam a entrar no clima, se deixando levar por entre-salas e janelas ornamentadas. Os movimentos de câmera vão construindo nosso caminho no andar dos personagens nos ambientes.
É um filme do silêncio da natureza, ainda muito mais forte aqui do que no levemente urbano Luzes de um Verão, do mesmo diretor. Também a protagonista é a mesma, como concorda mais uma vez com o poder reflexivo do primeiro filme. Luzes de um Verão é o amor de uma família impregnando-se em nós como a música do Lou Reed que suavemente nos contamina não conseguindo tirar da cabeça.
O Cheiro do Papaia Verde traz a doçura da infância que não foi perdida pelo meio. A inocência se esvai como uma música que acaba, mas as cores ficam, junto com o barulho dos grilos e sapos. Para quem se interessa por um mundo diferente, estes dois filmes são fundamentais.
Em mim, ficou a experiência do reencontro com o cineasta, com seu estilo e seus tempos. A vontade de ser um pouco daquilo que já acho que sou em meus momentos, e o receio de estar perdendo isso aos poucos vai se esvaindo cada vez que me deparo com uma parte da minha natureza nestas carinhosas obras de arte.
Acabei de ser transportada. Fui levada a um mundo onde a serenidade acontece em harmonia com a paixão. O equilíbrio do homen é visto quando percebemos seu contato íntimo com a natureza, de afinidades, sem receios. É uma música que soa diferente em nossos ouvidos, uma tradição distinta e limpa, cores sutis, ainda que o clima seja o mesmo quente e úmido que conhecemos.
Mais uma vez, o sentimento de um filme me levou a sair de minha cama, debaixo das cobertas e ser uma das personagens. Ou querer ser. Vemos uma vida se descortinar sob nossos olhos... uma criada, criada desde pequena em uma casa de família, ao tornar-se adulta é obrigada a sair por falta de condições financeiras da casa. Ela passa a trabalhar para um amigo da família, mantendo o mesmo círculo social, a mesma situação. E há um misto de passividade e leveza, onde os valores são outros, as ambições não se percebem tanto e vemos o comportamento minimalista e sereno de outra cultura.
Não que o Vietnã seja tranqüilo e pacato, mas isso pouco importa neste momento. O Cheiro do Papaia Verde nos domina pelo olhar, pelo gosto que quase sentimos e odor que queremos tanto participar. Não há muito barulho e até a desarmonia, se é que podemos tratar as dores assim, são flagradas nas expressões de pessoas de rosto simples e bonito.
Sim, é um filme de pequenas grandes ações. Os corações desavisados podem sofrer de amor ou desilusão nesse filme. Os longos planos-seqüência nos ajudam a entrar no clima, se deixando levar por entre-salas e janelas ornamentadas. Os movimentos de câmera vão construindo nosso caminho no andar dos personagens nos ambientes.
É um filme do silêncio da natureza, ainda muito mais forte aqui do que no levemente urbano Luzes de um Verão, do mesmo diretor. Também a protagonista é a mesma, como concorda mais uma vez com o poder reflexivo do primeiro filme. Luzes de um Verão é o amor de uma família impregnando-se em nós como a música do Lou Reed que suavemente nos contamina não conseguindo tirar da cabeça.
O Cheiro do Papaia Verde traz a doçura da infância que não foi perdida pelo meio. A inocência se esvai como uma música que acaba, mas as cores ficam, junto com o barulho dos grilos e sapos. Para quem se interessa por um mundo diferente, estes dois filmes são fundamentais.
Em mim, ficou a experiência do reencontro com o cineasta, com seu estilo e seus tempos. A vontade de ser um pouco daquilo que já acho que sou em meus momentos, e o receio de estar perdendo isso aos poucos vai se esvaindo cada vez que me deparo com uma parte da minha natureza nestas carinhosas obras de arte.