Maio de 2013..... se eu tivesse ouvido meus instintos.

Não tenho o hábito de ir em balada, mas como tinha me comprometido, fui forçada a ir. Amigos, que até aquele momento eu não desconfiava que de fato eram verdadeiros amigos. Como última tentativa desesperada de ser dispensada de sair, vou trabalhar o mais simples possível, com a desculpa de que esqueci, mas não tem jeito, grupo insistente. Ir para a avenida Paulista era tudo o que eu não queria hoje, sexta-feira feita para ler um livro.

Quem olha de fora vê um grupo eclético. Uma moça alta que parece um furacão com um corpaço e a voz de uma criança, uma negra bonita com um olhar desconfiado, essas foram as meninas que animaram o grupo, agora os homens, sem palavras. Um negro com o corpo esguio e de olhos grandes, com seus dois metros de altura e seu rosto de modelo.

Chegando na agitada e grandiosa Paulista agregamos mais um ao grupo, uma pessoa que até aquele momento era apenas um colega, hoje é um maravilhoso amigo. Um rapaz sério somente a primeira vista, bonito de rosto e de corpo, que ao abrir a boca só me faz rir. As meninas, todas héteros. Os meninos, nem tanto. Todos estamos com um destino certo, uma balada GLS, nunca fui, estou com receio. Se eu não gostar, terei que esperar até às quatro da manhã para poder ir embora, e ainda nem deu nove horas.

Eu de All Star, blusinha preta e calça jeans, bem simples, me sinto confortável e segura, minha zona de conforto, as vezes parece uma muralha de proteção. Primeira parada, comer, pois nosso divertido amigo, o último que se juntou ao grupo, tem uma solitária no estômago, acredito que seja a energia para tanta alegria, ele estava pontualmente na Paulista nos esperando, admirável. Pontualidade com certeza não é uma característica minha, isso eu posso afirmar.

Dez horas da noite e esta balada não abre, alguém me socorre, as horas estão se arrastando. Ficamos todos ao lado de um hospital infantil sentados, fico me perguntando como sai tanta besteira da nossa conversa, mas é muito bom. Finalmente a bendita da balada abre e ao entrar percebo que o ambiente é ok, no começo as músicas não são as que me agradam, porém para quem gosta de um Rock clássico, dificilmente vai achar o estilo eletrônico agradável, mas se não posso com eles, melhor me juntar, pelo menos até às quatro da manhã. Passado um tempo começo a gostar, dançar com meus amigos e extravasar todo estresse é muito bom. Beijo um, beijo dois, é melhor parar antes que dois vire três, quatro, cinco e aí já não consiga mais contar.

Perto das quatro da manhã, já não tão aguardada assim, pois realmente me tornei um deles, ao entrar na pista dançando vejo um moço simpático da minha altura, bonito, com uma expressão de surpresa vindo em minha direção dançando, por que não? Vamos dançar, mas sua boca me chama e não posso não beijá-lo, beijo bom, no meio do turbilhão. Que beijo suave, dançar já não é mais minha prioridade. O moço sim pega minha mão e me guia até uma parte mais escura da pista, e pergunta:

- Você sempre beija gostoso assim?

- Só quem merece. (fazendo o charme)

- De onde você é?

- Não, me fala você. Onde você mora? (em qual terreno estou pisando?)

- No Butantã (disse ele)

- Eu também (Saio da zona oeste e mesmo assim tropeço em pessoas da região)

- Você tem alguém te esperando? (Como ele é curioso)

- Não é da sua conta.... (eu fazendo a difícil)

- Verdade.

- Quantos anos você tem?

- 30 e você?  (Depois descobriremos que existem mais uns aninhos fora os 30 que ele disse ter)

- 25.

Tiro meu óculo e coloco no bolso da calça, santa burrice. Era uma vez um óculos tão bonito e agora a míope aqui vai ficar cega o resto da noite. Ele é gentil, me ajuda a procurar, uma busca em vão. No escuro e com centenas de pessoas ao redor, o coitado do óculos já deve ter partido desta para uma melhor.

Passo o meu telefone para o moço simpático, sem nenhuma expectativa de que vai me ligar.

- Não vai me deixar aqui, cega e sem saber onde estão meus amigos.

- Claro que não, vou deixar você com eles.

Após encontrar meu grupo ele ainda fica um pouco comigo e depois vai embora. Balanço da noite: dei risada até doer a barriga e com pessoas maravilhosas, dancei até me acabar independente da música, conheci gente interessante e o moço simpático. Tenho que repetir esta saída, quando é a próxima DJ?