O TRABALHO E OS DIAS: QUARTA-FEIRA
Podem me chamar de preguiçoso se quiserem, mas, para mim, a quarta-feira é o dia no qual experimento uma desoladora certeza: nem tudo que está meio equilibra! Na condição de meio de semana, a única coisa que a quarta-feira me traz é consciência de que estou tão longe do próximo sábado, quanto estou do último domingo. O pior é que as lembranças já não são tão fortes, a ponto de me prender ao happy hour passado, e nem as expectativas com relação ao próximo são capazes de me lançar mentalmente ao futuro.
Nesse dia da semana, até um feriado é visto como uma razão menor para se comemorar. Isso porque quando, no calendário, consta um feirado na sexta ou na segunda-feira, a turma até se anima a fazer uma pressãozinha negociada para tentar ganhar um “imprensado”. Mas na quarta, além de não ser viável, a consciência de que vamos trabalhar no dia seguinte é quase com experimentar duas segundas-feiras na mesma semana.
Na verdade, toda quarta-feira se parece um pouco com a quarta-feira de Cinzas. Sempre que ela chega, eu lembro de que aquela alegria com cara de carnaval está longe de chegar de novo.
Por fim, a quarta-feira é o dia no qual tomo consciência de que, e certo modo, vivo sob o julgo de uma mascarada escravidão, tanto do trabalho, quanto do final de semana.
E nos dois casos, a alforria parece muito equidistante. Pois, nem posso parar de trabalhar, nem antecipar o final de semana.
19/08/2016