A Cauda da Serpente
Eu vivo um ciclo.
Como a serpente que morde a própria cauda, em busca do infinito e da eternidade. Não por vontade própria, mas sim por uma força que se mantinha armazenada e hoje explode como uma supernova, consumindo o combustível e se transformando em buraco negro; sua borda de eventos suga cada traço de luz que a atinge e transporta para uma dimensão inalcançável, onde qualquer esforço para escapar é vão – inútil, improvável. É como ser uma sombra engolfada pela escuridão e já não se poder mais distinguir o que é o homem e o que é o ambiente. Tudo se desloca do corpo e resta apenas a indiferença.
Feito o viciado que entra em processo de desintoxicação. Cada partícula do corpo gritando, implorando, berrando... entrando em abstinência e ansiando pelo dia que vem, na esperança de que a febre se vá, de que o frio desapareça e seus pulmões possam soltar o ar de um furacão num grito de triunfo.
Mas... cada coisa a seu tempo.
Afinal, não se pode ir contra o que deve acontecer;
“wyrd bið ful aræd”
O destino é inexorável.