PASSADO E FUTURO NO BRASIL : UM TEMPO DESORIENTADO
Nossa relação com o tempo pode ser resumida da seguinte maneira: "De um lado, temos um passado que não está abolido nem esquecido, mas um passado do qual não podemos tirar quase nada que nos oriente no presente e nos possibilite imaginar o futuro. De outro lado, um futuro de que não fazemos a menor ideia.". E a principal implicação desse tempo desorientado é o imediatismo, consequência de um presente onipresente e onipotente, que se impõe como único horizonte possível, que o historiador francês, François Hartog denomina de "presentismo".
Com isso, o tempo no Brasil, não apenas está desorientado, mas abolido, pois o tempo real em contraposição a esse tempo "autoritário" - inventado para amenizar nosso passado decepcionante e nosso futuro incerto - não é escravo de uma única temporalidade. Conseguir se desprender dessa noção univoca do tempo, não só é urgente como também um passo significativo para reconstruirmos nossa história e, sobretudo, reconstruir nossas relações, tendo em vista que um tempo desorientado, que pode ser denominado também de um "tempo líquido" , para usarmos uma expressão de Zygmunt Bauman, gera como consequência relações sociais também liquidas, isto é, sem consistência, fluída e frágeis. Nossas relações são apenas usadas para satisfazer nossa sede hedonista para preencher o tempo imediatista e imperioso