Habemus Serra 2018
O desespero se abatia sobre aquela que foi a base aliada do governo Dilma. Lava-Jato causando choros e ranger dos dentes através de doleiros, ex-deputados e lacaios de corruptos.
O PMDB achou que Janot fosse um falastrão, alguém querendo publicidade. O mais moleque e atrevido de sua elite, Eduardo Cunha, resolveu cutucar o homem pra ver qual era a dele.
Quem já teve sua galera sabe como é, a gente manda o mais provocador encher o saco da cara novo na rua, pra saber qual era a do cara. Foi isto que foi fazer Cunha, provocar o Janot pra saber se era mais um promotor querendo promoção ou se era um maluco querendo fazer justiça.
Cunha voltou com uma péssima notícia. Descobriu que o cara não estava brincando. Jucá achou que a falta de jeito do Cunha fez o cara emburrar, mas nada muito sério.
Então continuaram tramando o golpe. Acreditaram que iam parar a palhaçada da Lava-Jato e do Janot tirando a Dilma. Alguém apostou que Janot "estava com a gente" que tinha alguma tatuagem do PSDB escondida no coração.
Foram ter uma conversa com o PSDB. Aécio sem sono por causa de Furnas, não tinha certeza do carimbo de Janot, mas ficou quieto mineiro que é. O Alckimin sorria pra Dilma pra ninguém vir falar com ele de apoio. Mas vieram assim mesmo ele deu um sorriso sem graça, que entenderam como um sim.
Serra correu para o abraço para a surpresa de Aécio e Alckmin. Depois entenderem que Serra, o economista da trupe, privatizador e fã do Von Mises, tinha contas pra pagar. Serra aprendeu nas conversas fiadas na cantina da faculdade de economia que "não existe almoço grátis", quanto mais petróleo e cash pra campanha.
Cunha, com sua voz de locutor de rádio novela repetia a cantilena terrível sobre os ouvidos de deputados: "se não votar vai sobrar pra todo mundo". E os lembrava de como a graninha do caixa 2 salvou a campanha de muitos e como alegrou as patroas no último final de ano.
Tiraram então a presidente. Estranhamente não viam sorrindo o PSDB, que sabiam que o carimbo do Janot não era de verdade. Não era amor de verdade o que ele sentia. Mas ficaram quietos e deixaram os desesperados peemedebistas entrarem de cabeça.
Deixaram o PMDB com a batata quente, com o ônus do golpe e sem conseguirem deter a mão dolorosa da procuradoria. Entregaram um setor importante para o futuro governo PSDB, que dialoga com o mercado externo. Isto pra verem o PMDB ter ministros derrubados e o seu presidente fantoche desmoralizado.
É provável que a situação se arraste por muito tempo. Aécio será afastado da vida pública, Eduardo Cunha e parte considerável da elite do PMDB enfraquecida ou condenada.
Serra já deu inúmeras provas de amor pelo mercado, quem com tanto fervor se devotou a privatizações como ele fez no governo FHC, não precisa provar a que veio.
Temer tem como base um congresso corrupto com medo de perder o mandato ou de ser condenado. A mídia que sempre teve medo do PT quebrar monopólios, mas que não compreende o jogo maior em curso.
O governo Temer não vai realmente resolver alguma coisa em pouco menos de 2 anos, o que ele vai fazer é assumir a parte amarga destas reformas. Na prática seria um péssimo negócio assumir o governo com os problemas financeiros do país.
Seria mais estratégico deixar o PT se queimar até o fim de 2018 ( assim queria o PSDB). Da mesma forma para o PMDB, que há muito não se identificava com o governo. Mas quis a urgência de salvar os pescoços abrir mão de deixar o Partido dos Trabalhadores sangrar até 2018 e deixar Lula sem chances de voltar a presidência.
É provável que as mudanças que Temer pretende promover farão as pessoas sentirem falta do PT a cogitarem o retorno de Lula como esperança diante de cortes de direitos trabalhistas e outras penalidades sobre o povo.
Resta um possível carimbo: Sérgio Moro. Se ele conseguir queimar o Lula e condená-lo conseguirá deter sua provável eleição em 2018. Aí Serra receberá a faixa presidencial olhando para o norte e para a Petrobrás em tom de gratidão.
Tenho a impressão de que este carimbo não sai com água: habemus Serra em 2018.