Assalto frustrado
Seis horas da manhã de uma segunda feira, manhã fria de junho, ela estava de jaqueta sentindo-se agasalhada e apreensiva, pois o caminho em que frequentemente passava todas as manhãs, estava mais deserto do que nos outros dias. Como tinha que encarar, seguiu em frente.
Carregava uma mochila vermelha cheia de coisas de mulher, como: livros, pente, perfumes, comidas e roupas. Por que essa bagagem toda? Simplesmente a garota de cabelos vermelhos encarava a vida com muita dedicação, por esta razão, esforçava-se. Acordava às 05h preparava o café e o almoço, é o “almoço”, precisava leva-lo já pronto, não possuía dinheiro para comprar quentinha.
06h já estava a caminho do trabalho, vinte minutos da sua residência. Às 17h era liberada e imediatamente começava a se preparar para o cursinho, que começaria às 19h. Então, só chegaria em casa perto da meia noite.
Durante sua ida para o trabalho, sentiu uma vontade imensa de atravessar a rua, olhou para trás e um calafrio percorreu-lhe a espinha, como se algo ruim fosse acontecer. Continuou, mais adiante dobrou para a direita e observou que três rapazes vinham em sua direção. O primeiro com um boné azul, o segundo mal vestido e também de boné azul com manchas vermelhas e o terceiro fumando um cigarro e com andar esquisito.
Tentou atravessar, mas um deles, o de boné azul, ficou empatando a passagem, enquanto o fumante puxava sua mochila. A jovem no desespero do momento, lutou, esmurrou o delinquente. Apenas o de boné azul com manhas vermelhas observava a cena inusitada. Contudo, não se intrometeu.
Por fim a mochila foi tomada a força e quando se preparavam para ir embora, inesperadamente ouviu-se um choro e os três olharam para trás e viram a menina de cabelos vermelhos aos prantos, desesperadamente a lamentar a perda da mochila. “Por favor, abram a mochila e retirem o que quiserem; devolva-me o que não precisarem, eu também sou uma criatura necessitada, pobre e lascada; sozinha no mundo e precisando de um amor.”
Um deles, aquele que só olhava de longe sem interferir, foi o primeiro a se manifestar. Tomou a mochila de um dos comparsas e entregou a jovem. Os outros protestaram, porém, sem sucesso.
Ela imediatamente saiu correndo, antes que eles mudassem de ideia, aliviada. “Ainda bem que faço teatro, se não coitada de mim.”
A dramatização não é que deu certo!!
Débora Oriente