O PRIMEIRO PEDAÇO DE BOLO

Existem algumas tradições que resistem ao tempo com tal bravura que permanecem intactas do jeito que sempre foram.

Estas tradições são curiosas, porque acabam sendo "praticadas" de forma quase automática, fazendo parte dos nossos rituais cotidianos como peças que viram protagonistas em alguns momentos.

Exemplo disso é o costume de dar o primeiro pedaço do bolo para alguém escolhido pelo aniversariante.

Acho que os convidados ficam na expectativa, ou na torcida, de serem escolhidos, alguns até se posicionam perto do bolo na intenção, até involuntária, de que isso ajudará na escolha.

Já fiz isso algumas vezes.

Os segundos que separam o apagar das velinhas até a entrega do primeiro pedaço, criam um certo suspense no ambiente.

Tchan, tchan, tchan, tchan...

Porque será um gesto particular e intransferível de carinho, agradecimento, amor e até de puxa-saquismo em alguns casos. Vai saber.

Ontem fizemos uma festinha pra comemorar os 17 anos do meu filho primogênito David.

Na hora do bolo fui surpreendido para ganhar o primeiro pedaço.

Confesso que não esperava.

Não que não merecesse esta honraria tão especial, afinal acho que sou um pai legal e que meu filho gosta bastante de mim.

Sem contar que lá estavam pessoas tão ou mais importantes no enredo de sua vida, como sua mãe, sua irmã e alguns amigos de longa data.

Suponho que o David não tenha feito profundas reflexões e análises antes de decidir a quem daria o primeiro pedaço do bolo do seu aniversário de 17 anos.

Acho que agiu meio por instinto, talvez deixando que seu coração indicasse qual atitude tomar naquele momento.

Seja como for, confesso que adorei e fiquei super emocionado com a atitude tão bacana do meu filhão.

Que a vida me permita receber os primeiros pedaços de bolo das pessoas queridas muitas vezes mais.

E que eu tenha sempre a capacidade de fazer juz à esta honrosa distinção quando ela se manifestar, com toda pompa que tem direito, como aconteceu ontem à noite.

Este texto foi escrito em 3/3/13