Estou assistindo a votação da comissão a qual deve provocar a sessão que decidirá ou não o afastamento de Dilma Rousseff.
 
Estou frustrado porque não observo uma análise imparcial, porém uma disputa lembrando os grandes clássicos futebolísticos.
 
Não valem os melhores argumentos. A comissão, eliminando os poucos indecisos, revela aqueles que expõem placas apoiando o impeachment e outros deputados contestando a ação.
O que a defesa ou o relator afirmaram é irrelevante, somente se tornou útil a opinião a qual defende a decisão já estabelecida.
Entretanto a comissão objetiva decidir, avaliar e concluir após ouvir, ler, sondar, verificar o assunto. Não poderia haver uma decisão anterior.
O princípio da imparcialidade foi ferido.
 
Vocês sabem que defendo Dilma continuar, no entanto, nessa ocasião, não estou defendendo minha opção, apenas esperava uma avaliação imparcial, menos apaixonada.
Além disso, há um forte desvirtuamento do tema.
O crime de responsabilidade cita as pedaladas fiscais, todavia, durante os discursos, falam sobre o governo ruim, comentam que cresceram os desempregados, destacam a corrupção, contudo vale a pena repetir:
Se Dilma Rousseff sofrer o impeachment, oficialmente as pedaladas fiscais justificarão seu afastamento.
 
Enfim, verificar o ritmo que vem sendo desenvolvido me deixa abatido e desanimado. Comecei a almejar ver o embate alcançar logo o fim.
 
Vocês dirão que estou percebendo a derrota de Dilma. Não é nada disso, existe a possibilidade dela escapar.
Desanimei porque observo crianças lotando as ruas.
Crianças, Ilmar? A maioria dos manifestantes são jovens, cada um não soma trinta estações. Como esperar que eles possam decidir o destino do Brasil?
O que nós sabemos com trinta anos?
Claro que há adultos e pessoas experientes, porém os entusiasmados, que chegam a dar socos, são crianças, não podemos contestar (umas crianças defendem Dilma, outras rejeitam o governo).
 
Li muitos repetirem que Lula e Dilma são ladrões.
Faria sentido escutar a afirmação caso os outros, incluindo quem avalia o processo, fossem honestos e dignos.
Cunha que aceitou a denúncia fez isso estimulado pelo rancor.
Cunha, que não parece uma pessoa digna, se não aceitasse a denúncia, a discussão já teria cessado há muito tempo.
 
Percebam, meus amigos e minhas amigas, que existe muito desgaste, enorme furor, energia demais lançada fora, contudo a imprudência e irreflexão dominam as cenas.
 
Aguardo que a oposição objetive o mandato em 2018, seguindo as vias democráticas, mas, se os ventos soprarem ao contrário, verei Dilma sair, o Brasil continuar pegando fogo e uma nada justa decisão prevalecer.
Diria Nelson Rodrigues:
Se os fatos são contra mim, pior para os fatos!
 
Tomara que os fatos me acompanhem!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 11/04/2016
Reeditado em 11/04/2016
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