MEU BEM, MEU MAL
O bem e o mal são bem mais do que vertentes opostas. Um depende do outro para existir. Só podemos ter a certeza de que alcançamos o mais alto grau de alegria se já tivemos a oportunidade do mergulho numa tristeza absoluta. De outra forma, sempre persistirão rastros da dúvida de que poderia existir alegria mais plena de alguma forma. O que entendemos como beleza nos tempos que respiramos hoje está embrenhado nos cenários de feiura que também compõem nosso campo de visão. Deus só pode ser tangível se houver a sombra do Demo à espreita de alguma brecha para dar seu bote. Sem ele, o dono do show não teria contraponto para afiar suas garras e justificar cada passo. Se hoje conseguimos estar "bem", não podemos esquecer as noites mal dormidas, as ideias nefastas que povoaram os quatro cantos da nossa cabeça e, sobretudo, todas espécies de falcatruas que tivemos que cumprir para não morrer na praia. Mentir, dissimular, fingir, prometer o que nunca seria entregue, enfim, há um elenco de atores do mal que tivemos que recrutar para ir em frente. O processo que vai levar à santificação, no seu conceito puro, sem quaisquer vinculações religiosas, faz uso de tudo aquilo que condena para existir de fato. O bem e o mal são farinha do mesmo saco, com véus distintos dependendo da conveniência da situação. Não são pesos absolutos, seu significado está plenamente atrelado ao contexto. Podemos qualificar o "bem" como a pior coisa que nos aconteceu e o "mal" como a coisa certa, na hora certa, da forma certa, com objetivo certo e com as pessoas certas. Muitas vezes economizamos a reflexão e focamos somente no superficial, vendo o que está cobrindo o bolo. Se nos dermos o trabalho de ir mais fundo, certamente veremos que nem tudo é como aparenta.
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