Nelson Wilde

“Toda unanimidade é burra” (Nelson Rodrigues).

“A coerência é a virtude dos imbecis” (Oscar Wilde).

Dois maravilhosos pensadores, dos que mais apreciamos. O que não nos impede, às vezes, a ousadia de discordar.

Sabemos que Guevara, Marighela e Lamarca são nomes que o reacionarismo presunçoso não consegue digerir. São logo apontados como subversivos (termo importado, ao que parece em extinção), assassinos, sanguinários, etc. Ainda que Guevara, pelo menos, tenha alcançado uma respeitabilidade mundial, até no Ocidente conservador. Assassinos que foram covardemente assassinados. Merecidamente, certos reacionários se apressariam logo em dizer.

Ocorre que para muitas pessoas os três, e um bom número de outras lideranças (não esqueçamos de que Chico Mendes foi também covardemente assassinado), morreram como heróis.

Contudo, se essas pessoas estivessem vivas, será que estariam do lado dos políticos gananciosos, das empreiteiras que tudo compram (verdades e mentiras), das grandes corporações nacionais ou multinacionais? Ou continuariam combatendo tudo isso, coerentemente com a vida e postura que tiveram até o seu desaparecimento? Haveria alguma imbecilidade nessa coerência? Ou seria burra a unanimidade em torno desses nomes, pelo menos por parte daqueles que não lhes negaram a sua admiração?

Mas eles se foram e, particularmente para nós, preferimos considera-los como heróis.

Não é ocaso de certas lideranças de hoje que coabitam e desfrutam de muitos atributos da elite e de tudo o que costumavam desmerecer no início da sua trajetória funcional e política. Discurso que, é claro, desagradaria a muitos petistas se atribuído a seus partidários. Como desagradaria aos flamenguistas um claro e incontestável 7x1 vascaíno. Sendo a recíproca verdadeira, porque não existem só fanáticos entre os flamenguistas.

Rio, 06/03/2016

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