A HORA DO LAGARTO

Porto Alegre, na década de l940 era, no dizer de Mário Quintana, "uma pequena cidade grande". Como não poderia deixar de ser, Teresópolis, o bairro onde eu vivo até hoje, era praticamente um vilarejo e como tal com reduzidas opções de lazer. Os divertimentos da época eram os festivais realizados no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora da saúde onde aconteciam apresentações de músicos, cantores e atores de teatro amador. Era também comum as famílias promoverem reuniões entre parentes e amigos para conversarem e confraternizarem. Nessas ocasiões era de praxe o anfitrião(dono da casa) oferecer um farto café aos convidados.

Lembro que em certa ocasião minha família comprou um pão-de-ló em forma de lagarto que seria servido aos convidados. Esse lagarto foi colocado num guarda-louças enquanto a reunião dos adultos se desenvolvia.Lembro que eu deveria ter uns 8 anos de idade e talvez porque eu fosse muito arteiro e certamente prá não prejudicar a reunião me colocaram de castigo sentado numa cadeira e me disseram: "Enquanto não terminar a reunião tu não vais sair daí "Durante todo o tempo eu não desgrudei os olhos do pão-de-ló. Tão logo eu percebi que havia terminado a reunião eu dei um salto e gritei: "-Tá na hora do lagarto!"

Gilberto Stone
Enviado por Gilberto Stone em 07/07/2007
Reeditado em 14/08/2010
Código do texto: T555743