Amor de carnaval
Quando os olhos verdes dele bateram com os negros dela, a atração foi fatal. Inevitável, eu diria. Não conseguiram ficar onde estavam. E então não eram mais apenas os olhos que se atraíam, todo o resto também. A mão dele, nem um pouco vacilante, agarrou-a pela cintura (a mão direita dela em sua nuca, a outra com uma garrafa de cerveja). Envolveram-se em um laço. Um beijo. Um beijo apenas e os olhos negros dela não significavam mais nada perante os olhos verdes dele. Tampouco o contrário.
Aqueles olhos poderiam se olhar um pouco mais. Poderiam se olhar a vida inteira, e talvez o fruto dos dois pudesse ter olhos castanho-claros. A mão do rapaz deveria tremer diante dela porque ela devia lhe causar tremores no corpo todo, tamanha era a emoção de tê-la em seus braços. Quando ela lhe tocasse a nuca, antes de mais nada, deveria lhe ofertar aquele sorriso arrebatador que só ela sabe dar, e então, finalmente, o laço criado pelos dois iria além de um único beijo. Seriam tantos beijos, e cada um deles melhor que o outro!
Mas o que acontece é que aqueles olhos nunca mais se cruzaram. A mão dele nunca mais pousou em sua cintura e ela nunca mais pode arrepiar os pelos de sua nuca enquanto lhe beijava. Ela nunca irá saber que ele se chamava Tomas, e ele nunca irá chama-la de Alice.
Não era amor. Era apenas carnaval.