BURLESCO
Acho imponente, deslumbrante, de grande impacto estético o Carnaval de hoje, especialmente o que se desenrola na Marquês de Sapucaí, no Sambódromo. Até meu filho, quando mais novinho, mostrou o seu gingado na Avenida, não lembro por qual Escola. Nunca fui convidado para um camarote VIP, portanto, nunca tive interesse maior no grande evento nacional. Não consigo torcer por nenhuma Escola de Samba, é um mundo distante do meu. De resto, nunca fui um folião de apreciável grandeza, apesar de ter participado de muitos e muitos carnavais, onde, aliás, vi pela primeira vez minha ex-mulher, num baile do Clube do Comércio, no centro de Porto Alegre. Sem qualquer intento de crítica destrutiva, considero que as atuais grandes festas momescas são shows business, de cunho eminentemente comercial, sem a espontaneidade dos carnavais à moda antiga. Além de tudo, é muita confusão, gente demais, imaginem se copiarem na China. Sou do tempo dos carnavais de clube, especialmente no litoral, na SABA, na SACC, em Xangri-lá, Rainha do Mar, etc. Havia, depois, o “enterro dos ossos”, na Casa de Portugal, no Clube Nordestino e tantos outros aqui em Porto Alegre. Mas carnaval divertido mesmo era no interior do Estado. Quero recordar especificamente de um, em Estrela. Fizemos um grande Bloco em Encantado, chamado PÉ DE CANA, que adentrava o salão com um caixão com um folião de morto. Fomos de ônibus especialmente fretado - Paulo Chanan, Bilaco, Mauri Filter, Neso, Casemiro - previamente ensaiados no Clube de Encantado. Tirante a pauleira ocorrida no clube de Estrela, como de hábito, foi um baile espetacular, memorável. Talvez eu ainda não tivesse dezoito anos. Em matéria de ousadia, tenho de assinalar nosso carnaval de rua em LAGUNA, Santa Catarina, quando eu, separado, aluguei uma casa para acolher uns seis ou sete amigos de meu filho, todos na faixa dos 19 ou 20 anos. Repeti a dose, depois, em Bombinhas e Bombas e, algumas vezes, em Xangri-lá, também com alunos da Faculdade. Portanto, tenho algum know-how no assunto para dizer que já se fez coisa mais alegre e intensa.