O papel da Ética na reconstrução da sociedade
Algumas pessoas conhecem se não profundamente, ao menos superficialmente o conceito de macro e microcosmo. Segundo princípios ocultistas difundidos a partir do século XV e posteriormente absorvidos por outras linhas filosófico-religiosas, o universo contém outros milhares de micro universos. É assim também que eles explicam a teoria da partícula ou centelha divina, onde o homem é uma minúscula reprodução de um poder infinitamente maior. Um fundador de religião contemporâneo chamado Mokiti Okada, defende uma teoria que parece ser híbrida da anteriormente exposta, onde afirma que tudo que produz um efeito em larga escala é iniciado a partir de um pequeno modelo. Isso quer dizer que estes pequenos universos têm o poder de iniciar algum tipo de reação em cadeia que afeta os universos maiores.
Embora possam parecer um pouco confusos a princípio, os pensamentos acima expostos traduzem todo o fundamento para a reconstrução social.
Um colunista afirmou que o país encontra-se “parado no ar”. Eu que não sou uma especialista política, e como já afirmei anteriormente tenho “urticária” ao assunto, me limito a observar a questão dando ênfase ao comportamento dos indivíduos. Assim sendo, essa inércia que começou com a ditadura militar e acabou perdurando após a sua queda, se resume num processo de dissolução do “status quo”. Ou seja, a ordem vigente foi quebrada, mas a sociedade até agora não fixou os parâmetros para a reestruturação da organização social. Minha avó chamava isso de um “Vai dá varsa”, ou numa linguagem mais usual, um “Deus nos acuda”.
E quem tem poder suficiente para promover essa reestruturação? Os indivíduos se vêm tentados a responsabilizar os poderes políticos, mas eu não compartilho este pensamento. Eu sei que, para o cidadão, é desconfortável retirar a responsabilidade pela condução da sociedade das costas do Estado e colocar sobre as suas próprias, mas, queiramos ou não, é assim que é.
Não é a sociedade que vai regular e moldar o comportamento dos indivíduos, mas o contrário. E se quisermos mudar a sociedade, é necessário que os indivíduos se modifiquem primeiro. Assim, a sociedade pode ser melhorada através dos pequenos modelos, que somos nós.
É desta forma que as teorias expostas no início deste artigo atuam.
O indivíduo cultiva uma atitude correta em seu íntimo. Essa atitude isolada, mas persistente, aos poucos começa a afetar as pessoas que estão à sua volta e depois, esse pequeno grupo, acaba por influenciar a comunidade e assim por diante.
Ninguém aqui é tão romântico a ponto de idealizar uma sociedade platônica, mas nós, que não somos grandes pensadores ou coisa do gênero, em nossa humilde condição, gostaríamos de ver a sociedade transformada, senão num paraíso, ao menos num ambiente mais digno para cada um de nós.
E o apóstolo Paulo, na carta que redigiu a fim de orientar a comunidade cristã em Filipos (Filipenses), oferece os meios para a conquista dessa sociedade ideal quando recomenda:
"Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento". (Fl 4:8)