MALDITA CHUVA!


A chuva tão esperada chegou! E decidiu não dar sinais de ir embora tão breve...
   Provocou estragos. Árvores caíram. Topos e encostas deslizaram. Sobre casas. Sobre gente. Sobre tudo que encontrou pela frente. Carros foram arrastados. Animais. Lixo, muito lixo. A chuva trouxe o pânico. Desespero e morte. Uma tragédia!
   A água invadiu casas. Destruiu móveis, imóveis. Gente chorava, rezava, pedindo ajuda aos céus. A chuva trouxe o medo!
   Quem pode enfrentar a fúria da natureza?
   Chuva maldita! Cruel. Impiedosa!
   Não, não, mil vezes não! A chuva não é responsável por tragédias, e, ao contrário do que dizem os noticiários, tempo de chuva não é tempo ruim. O sol também pode ser impiedoso. Sol e chuva são bons.
   A responsabilidade é nossa! Rios não invadem casas. As casas invadiram o leito dos rios. As casas invadiram os topos e as encostas, que deveriam ser preservados.
   Quem autorizou construir em locais impróprios? Quem derrubou as árvores que protegiam os topos e as encostas? Por quê foram construir moradias à beira dos rios? Deixem os rios em paz! Quem derrubou a mata ciliar? Quem ousou bloquear o curso dos rios?
   Não responsabilizem os pobres. Não havia escolha. Construíram nesses locais seus sonhos e não imaginavam soterrados. A água não pede licença, passa, simplesmente.
   A tragédia é resultado da ação e da falta de ação humana. De sucessivas gerações. A tragédia é consequência da falta de planejamento; da ausência de políticas públicas de moradia nas três esferas de governo. E dos Três Poderes. A tragédia é de responsabilidade da especulação imobiliária. Da sede de lucro; da exploração dos recursos naturais. De um modelo de desenvolvimento, se é que pode ser chamado assim! Um modelo perverso, excludente. Um modelo secular, que ainda não resolveu problemas simples e básicos, como um teto; água e esgoto tratados. Segundo o governo há um déficit habitacional de mais de seis milhões. Entidades que lutam por moradia falam em mais de dez milhões.
   E de nós, cidadãos, que muitas vezes assistimos a tudo passivamente!
  Não, mil vezes não! Chuvas, topos, encostas, árvores e rios não fazem mal a ninguém. Além de nos ofertar belas paisagens, onde os artistas se inspiram.


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