A VIDA CAMINHA COM A MORTE (ao general Thaumaturgo e ao médico Almério Filho e ao ex-senador e advogado Evandro Carreira)
Comentários no link do blog http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2015/12/a-vida-caminha-com-morte-ao-general.html
Como se fossem duas crianças travessas brincando, a vida e a morte caminham juntas, de mãos dadas, beirando à margem de uma estrada ou de um trilho de trem, uma empurrando a outra: ora é a vida que empurra a morte. Ela volta e empurra a vida, até, em algum momento, que a vida tropeça, cai e não consegue mais voltar e morre. Já nascemos morrendo e o ser racional é o único que tem consciência dessa realidade imutável. Se caminhamos para o céu ou o inferno, isso é uma discussão infindável. O certo mesmo é que todos morreremos, mais cedo ou mais tarde. Uns vão cedo demais; outros demoram mais para partir. O que fizeram na vida é o que importa para a vida que viveram e nada mais! Em uma semana de dezembro, três pessoas queridas faleceram.
De forma diferente, convivi com fodas elas, por razões e coisas diferentes Uma foi o general amazonense Thaumaturgo Sotero Vaz, do Exército brasileiro, que recebeu honras militares como deveria; outros foram o médico pneumologista Almério de Souza Pinto Filho, que faleceu vítima de AVC em um sítio que possuía no município de Presidente Figueiredo e o advogado amazonense ex-senador da República, Evandro Carreira, do qual recebi, na redação de A NOTÍCIA, os seus pronunciamentos na coleção “Recados Amazônicos”. O general e o ex-senador, internados há alguns dias, faleceram pela pneumonia. Quem sabe todos não se encontrão em algum lugar? O Dr. Almério curará o general Thaumaturgo e cuidar do ex-senador Evandro Carreira, que nos deixou aos 88 anos! É, quem sabe? Mesmo não os trazendo de volta, sentirei saudades de todos, cada um pela sua importância!
Por que a morte os tirou de mim, de minha vida, tão cedo? Não poderiam esperar eu morresse primeiro, já que vivo há 13 anos infectado, para irem depois? O general amava a Amazônia e chorava sempre ao final de palestras que fazia sobre o tema! Como diretor da Unidade Manaus “Francisco Saldanha Bezerra”, negociei todo o processo que resultou em um convênio, permitindo a inclusão dos militares aos ensinos profissionalizantes na área de transportes ministrados à distância pelo SEST/SENAT, com a distribuição de antenas parabólicas, sem custos às empresas e ao Exército, a não ser as de manutenção para que funcionassem. Uma dessas antenas doadas, vi instalada no Município de Tefé e eu exigia relatórios frequentes da técnica, Anatália Oliveira: “o relatório de cursos de Tefé, não veio esse mês?” “Ainda não recebemos, Dr. Carlos”, respondia. “Cobre de novo”. “Já cobrei, Dr. Carlos, mas dizem que mandarão e não mandam”.
Passei em frente a Guarnição Militar do Exército e vi a antena instalada no Batalhão do Exército no município de Tefé. Como teria que cumprir uma agenda de trabalho, só olhei, mas não sei se estava sendo usada e funcionando. Quando me dirigia ao CMA, para tratar do convênio, o general exercia uma função na anti-sala do gabinete do comandante. Era sempre recebido com um aperto de mão e um sorriso e me conduzia à sala do comandante que, como se fosse uma obrigação, ficava de pé e me cumprimentava também com um aperto de mão. Hoje, só guardo lembranças desse general e desses fatos. Sei que exerceu uma Secretaria Municipal no Município de Presidente Figueiredo, mas não sei qual era.
Almério Filho era uma figura impagável! Foi meu médico sem cobrar nada em alguns momentos por dores que sentia nas costas. Como passara vários dias, internado na adolescência com princípio de pneumonia, resultado de uma gripe mal curada, no hoje desativado e abandonado Hospital Santa de Misericórdia de Manaus, segundo vim saber depois, sempre tive muito cuidado com meus pulmões, embora nunca tenha fumado. O Dr. Almério de tanto me atender, nos tornamo amigos e passou a frequentar minha casa com a sua então esposa, a médica Dra. Norma. Começou a trabalhar durante a noite, no Hotel Tropical e, sempre sorrindo, me contava que tinha comprado um carro Opala velho e conseguia a dar suas “escapulidas e desculpas convincentes”, à Dra. Norma, chegando de manhã em casa com o jaleco branco todo sujo. Justificava à esposa. “O deu prego na estrada coronel Jorge Teixeira, vindo do tropical”. “Furou o pneu quando estava”. “Acabou a bateria, não consegui ligar o carro e precisei trocá-la para chegar em casa”. Depois de um certo tempo, a Dra. Norma decidiu dar-lhe um carro novo de presente:
- Taí, Almério! Agora, quero ver você encontrar desculpas para continuar tendo problemas no seu Opala velho. Tempos depois, soube que tinham se separado. Perdi o contato com os dois, mas guardo na memória esses momentos de descontração. Da morte do Dr. Almério Filho, soube de seu falecimento e a causa, através do amigo Luiz Celso Santos de Oliveira, advogado que reside em Brasília. filho do jogador de futebol do Amazonas e delegado de polícia, Dr. Itagiba Ramos de Oliveira. Da morte do general, vi pela TV as merecidas honras militares que lhe foram prestadas pelo CMA. Do Dr. Almério Filho, nada se noticiou. Ah, como a vida é ingrata! Do advogado e ex-polêmico senador pelo Amazonas, Evandro Carreira, que nos deixou aos 88 anos, soube por uma pequena notícia na TV; Ele estava internado em um hospital, A notícia, não deu à dimensão da importância que teve na política do Estado e do Brasil e na defensa da ecologia com seus famosos “Recados Amazônicos”.
Ah, que saudades me deixarão! É sempre assim, para morrer basta estar vivo, como disse o advogado Luiz Celso. Eu acrescento: já nascemos morrendo! O caminho rumo ao destino de todos, pode ser longo ou curto, dependerá das brincadeiras traquinagens entre a vida e a morte! Como no Brasil de hoje, na hora da morte não haverá separação entre as classes, cotas ou outras coisas que inventaram. Na morte e na vida sempre seremos todos iguais. O que nos diferenciará entre riqueza, pobreza ou miséria absoluta, será apenas o caixão, com mais ou menos adornos e coroas de flores que receberemos e nada mais!
O resto é tudo igual!