Clube sem esquina
Tentando entender a nossa perplexidade diante do cenário político que se delineou nos últimos anos, talvez possamos dizer que o nosso grande problema foi o PT ter frustrado a alternativa popular. Que se consumou com a primeira eleição do Lula. Com a qual num primeiro momento nos sentimos felizes.
Ainda ontem ouvíamos o grande Lô Borges dizer que o maior interesse da turma do Clube da Esquina era que a ditadura acabasse. O cara podia ser preso só porque tinha cabelo grande. Teve professor que foi preso apenas porque falava russo, como lemos algum tempo depois.
Acercou-se da ditadura, além das forças da elite, o que havia de mais reacionário e oportunista no meio político, além de inúmeros fisiologistas daqueles que costumeiramente estão de plantão. Não foi à toa que a Arena chegou a ser considerado o maior partido do ocidente. Todos queriam estar perto do poder.
Com o que nos deparamos agora? Com o fato de que tais oportunistas, que nunca deixaram de existir, reclamam e se indignam com o que tem acontecido de ilicitudes nas realizações petistas. E o pior é que muita vezes com fundamentação naquilo que reclamam.
Isso é muito ruim porque quando nos deparamos com pessoa de perfil inequivocamente conservador, e ela nos pergunta “Não te disse?”, o que iremos responder?
Qual será a alternativa que haveremos de ter agora? Se o lado que abominávamos parece reproduzir-se (ou introduzir-se) na escolha que fizemos para derrota-lo?
Maricá, 26/092015