A Mosca

Com minha raquete de eletrocutar insetos, há alguns minutos atrás, lá estava eu, na minha sala, golpeando o ar para eliminar uma mosca que há dias me desafiava.

 Por instantes de insanidade, cheguei a pensar que o terrível e abominável ser merecia viver tal era sua esperteza e agilidade. Chegava a sentar-se no azul que envolve a parte elétrica da raquete e enquanto eu descansava meu braço das sucessivas investidas,  ela,  com ousadia, descansava o seu belo corpinho e sacudia suas asinhas, mostrando-se estar muito confortável diante de tão incompetente adversária.  
Seria a mesma? Quanto tempo de vida teria uma mosca desde o seu nascimento até a sua morte natural? Ou seria uma descendente próxima daquela que no domingo invadira minha cozinha, na hora do almoço, causando-me constrangimento diante dos meus visitantes?
Sendo a mesma ou outra qualquer eu estava inteiramente disposta a descobrir que seria eu a vencedora  nessa longa e cansativa disputa de dias e dias. Porém, mesmo estando todas as portas e janelas fechadas, ela desapareceu!
Frustrada,  estou aqui escrevendo para desabafar. Como pode um ser tão minúsculo, sozinho e no campo adversário levar tanta vantagem?
Ah! Ela reapareceu!
Neste momento,  estou largando o computador e pegando sorrateiramente a minha raquete, psiu não façam barulho...
 
Dolores Fender
Enviado por Dolores Fender em 12/12/2015
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