Meu lar, onde eu posso ser eu mesmo
 
Todo mundo, se não tem pelo menos sonha com um lugar, onde possa desfrutar do mais sagrado desejo humano, eu acredito, a liberdade de ser quem realmente se é.
 
Considero o meu lar o meu santuário. Aqui não preciso de máscara alguma para ser quem sou. Não preciso dos simpáticos adjetivos vociferados a mim como elogios, tampouco vociferá-los para ninguém.
Não preciso do linguajar acadêmico, formal para me fazer entender e aos meus.
 
Aqui me sinto completo. Sinto-me sábio, mediano e tabaréu. Não há repreensão nem cobranças. Aqui eu sou rei, bobo e vassalo, não tenho poder algum e ao mesmo tempo sou o homem mais poderoso do mundo.
 
La fora a vida não é fácil para ninguém. Necessitamos nos contorcer para satisfazer-nos e satisfazer aos outros. Seja no trabalho, no meio social, no lazer, nas rodas de amigos e muitos outros.
 
As pessoas competem até mesmo nos piores modelos ostentados pelos outros, mesmo que esses modelos destoem de suas características pessoais. No meu lar eu não fico de cara feia para mim mesmo e tampouco os meus contrariarão na recíproca uns para com os outros.
 
Aqui, quando sinto sono eu durmo, quando quero ficar só eu fico, se quero conversar converso, se estou com vontade de escrever escrevo, se preciso ler eu leio, se preciso for, dou e recebo aconchego. Sorrio quando sinto vontade e o melhor, nunca deixo de ser quem sou.
 
Há quem possa estranhar essa minha verdade, mas creia, estou em casa e aqui me sinto verdadeiro, feliz e cumplice de mim mesmo.
 
Aprendi a gostar de mim, para poder gostar das outras pessoas. Antes de admirar o outro, a pessoa humana, compreendi que devo admirar a mim mesmo, com os defeitos e as qualidades que carrego.
 
Com as pessoas aprendi tudo o que sei. Aqui ou lá fora guardarei o respeito que devo a cada um na sua individualidade, por seus exemplos, positivos ou negativos. Com eles, por certo aprendi a ser quem sou, mesmo que por enquanto, apenas em meu lar.
 
Feitosa dos Santos
Rio, 04/12/2015