"EU NÃO TENHO QUE PROTELAR NADA!"

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Não se falou de outro assunto nas redes sociais e nas emissoras de televisão do Brasil, que não fosse essa declaração atabalhoada, estranha, inconsequente e prepotente do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha: “Eu não tenho que protelar nada! Seria verdade ou mentira, se tudo o que fez foi ao contrário do que disse?

“Eu não vou dar admissibilidade num processo contra mim mesmo. Não posso praticar ato a meu favor nem contra mim. Deleguei. Foi uma coisa bem transparente. Foi normal. Eu não tenho que protelar nada. Tem um processo contra mim no Conselho de Ética ao mesmo tempo"

Diante dessa declaração, se precisa dizer mais alguma coisa? Sim, precisa!

Como parlamentar dissimulado, sem credibilidade, moral e que usa de meios lícitos para procrastinar um processo contra si mesmo, tem coragem de declarar que “eu não tenho que protelar nada” e na mesma declaração acrescenta que “eu não vou dar admissibilidade num (sic) processo contra mim mesmo”. Ele seria digno de representar a Câmara dos Deputados e, em linha sucessória, ser o possível presidente da República Federativa do Brasil em um eventual e improvável processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e seu vice Michel Temer? Eduardo Cunha, conseguiu, no máximo, ter o apoio incondicional do deputado Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho da Força” que está sendo investigado também pelo STF por desvios de dinheiro de convênios públicos! Paulinho da Força, sem qualquer moral para representar ninguém na Câmara, anunciou que a representação contra Cunha não tinha seguidos os ritos e que o deputado relator teria tido cerceado seu direito de defesa. Eduardo Cunha, por sua vez, prometeu recorrer até o STF para fazer valer seus direitos. Na representação ao Conselho de Ética, o também deputado federal Waldir Maranhão, vice de Eduardo Cunha, também deve perder o cargo, mas não o mandato porque nada existe contra ele.

O deputado federal Eduardo Cunha, estaria envolvido no Escândalo da Lava Jato e teria depositados 5 milhões de dólares em bancos da Suíça, já confiscado pelo Ministério Público daquele país, aguardando o repatriamento para o Brasil. Mesmo assim, o político continua negando que tenha essas 5 contas ou que seja beneficiário de qualquer valor em contas secretas Na entrevista que deu ao Fantástico, assumiu meia culpa, mas continuou negando. Como os seus argumentos foram sendo derrubados pouco a pouco, sentiu um gosto amargo de uma derrota eminente e decidiu usar de seu poder para negar sala para reunião da Comissão de Ética e depois desautorizou o prosseguimento dos trabalhos na casa.

O Ministro do STF, Marco Aurélio de Melo, analisando a bagunça em que se transformou os trabalhos na Câmara Federal, recomentou que Eduardo Cunha se afastasse da presidência, permitindo a completa apuração de tudo e não interferisse em nada. Isso já aconteceu no Amazonas. O deputado estadual do Amazonas, presidente da ALE, advogado Francisco Guedes de Queiroz (MDB). Em 1985, quando sua filha fora aprovada em 1o lugar no concurso de taquigrafo da casa, o deputado estadual José Costa de Aquino (MDB), denunciara possíveis irregularidades no concurso. Francisco Queiroz pediu afastamento do cargo, deixou o vice Homero de Miranda Leão em seu lugar, até o final das apurações. Apurados os indícios apontados por Costa de Aquino e nada sendo constatado, voltou ao cargo, mas decidiu não nomear sua filha ao cargo, cabendo ao seu vice assinar o documento de nomeação.

Isso é transparência, lisura, desapego ao cargo e, principalmente, compromisso com seus eleitores, mas não é o que estamos vendo agora na Câmara Federal. A representação no Conselho de Ética da Câmara, pedindo a abertura de processo por cobro de decoro parlamentar contra Cunha, foi protocolizada pelo Psol e pela Rede Sustentabilidade, no último dia 13. A Mesa Diretora da Câmara usou de manobras legais e regimentais e cancelou todos os trabalhos das Comissões na Câmara. Depois, voltou atrás porque percebeu o mal estar que criou na casa, com deputados que lhe apoiavam virando de costas à mesa dos trabalhos e se deixando o plenário.

Estranhamente o deputado Paulo Pereira da Silva, investigado pelo STF por corrupção, pertence ao mais novo partido político do Brasil, que promete ser diferente em sua composição e com propostas de plano de trabalho ousadas para enfrentar a crise atual pela qual passa o Brasil, está do lado do também investigado pelo STF e, agora, pela comissão de ética da Câmara, Eduardo Cunha.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 24/11/2015
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