Falência econômica e ética do governo do Rio de Janeiro
O ex-presidente Jucelino Kubitschek costumava dizer que os recursos necessários para manter funcionando o Estado brasileiro saem da cabeça do homem público, isto é, são oriundos da capacidade dos governantes de criar alternativas nos momentos pouco favoráveis da economia. Entretanto, JK faz parte de uma fase da história nacional em que ainda existiam estadistas, nada lembrando o nosso momento atual onde a vida pública encontra-se abastardada pela tragédia da mediocridade e por um lamaçal ético capaz de fazer parecer pouco o ocorrido na cidade mineira de Mariana.
No Rio de Janeiro o governo do Estado suspendeu o pagamento de fornecedores, ameaça não pagar o décimo terceiro dos funcionários públicos (uma obrigação trabalhista honrada desde 1940, quando da criação das Leis do Trabalho) e precariza ainda mais os já combalidos serviços prestados nas áreas da educação e saúde. A alegação do governador, uma figura cada dia mais apática e autor de frases desconexas da realidade, é a crise econômica, bastando isso para justificar a ineficácia de seu governo na gestão de serviços públicos estaduais, que figuram entre os piores do país.
Dentre as grandes ações para corte de gasto do governo fluminense está a redução na escala de limpeza das escolas estaduais e a surreal substituição de refeições completas da merenda escolar por biscoitos e sucos nas 1.290 unidades da rede de ensino, causando um prejuízo nutricional a mais de 850 mil alunos (muitos dos quais desprovidos de uma dieta alimentar balanceada em casa). Entretanto, o pacote de maldades vai além: a área da saúde também foi alcançada por essas perversões arquitetadas pela Secretaria de Fazenda, já havendo, inclusive, registros de cancelamentos de cirurgias urgentes provocadas por atrasos de salários.
O intrigante é que esse governo, assim como o anterior (ambos do PMDB), já em seu início inflou a folha de pagamento agraciando uma horda de apadrinhados políticos que passaram a fazer parte dos quadros do Estado sem nunca terem prestado concurso. É o povo da boquinha, parasitas que entram no setor público pela janela, vivem de carguinhos, de bajulação e subserviência aos donos do poder. Entre os muitos correligionários peemedebistas beneficiados pelo governador Pezão está o filho do ex-governador Sérgio Cabral, para quem foi dado a Secretaria de Esportes. A desfaçatez deste governo é tanta que nem mesmo num momento crítico como o que vive o país estes “protegidos” são sumariamente cortados da folha do estado, em benefício da eficiência da gestão pública, preferindo o governador promover a piora do sucateamento de dois setores vitais à população, como a educação e a saúde.