O ABRAÇO
Ao ver seus olhos encharcados sustentados por olheiras sombrias e profundas, perguntei-lhe:
- Mas afinal de contas, o que é?
Foi então que num suspiro intenso e profundo, desses que viram o pulmão do avesso, ela tentou responder:
- Sufoca como a partida de quem nunca chegou, sobe uma agonia que se evapora pelos meus poros, um desespero que atormenta diante do que é irreversível, um grito tão profundo que silencia a lágrima... um vazio que preenche cada lacuna da alma. Uma falta de ar que desanima respirar, um desfalecer contínuo de músculos e ossos... é assim uma coisa insuportável! Quase um não ser, existindo sem saber-se. Difícil de explicar. Dói.
Não consegui mensurar a intensidade da dor que tentou descrever, senti um nó no peito ao ouvir o relato de imensurável sofrimento. Enquanto ela guardava o retrato que levava consigo o tempo todo, apertado contra o peito enquanto falava, simplesmente me aproximei e deixei que se desfizesse em lágrimas amparando-a em meus braços. Nada mais foi dito e no silêncio daquele abraço tudo foi entendido.
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OKARA POÉTICA!
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