DE NOVO: CADÊ OS LAUDOS?
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No dia 29 de novembro de 2014, muitos periquitos asa branca amanheceram mortos, estendidos no asfalto. Escrevi a crônica sobre esse fato no blog “NÃO NOS CALEM! PAI, O QUE FIZEMOS? (periquitos mortos)”.
Depois das manifestações e mobilização dos órgãos de meio ambiente e sem resultado prático algum, no dia 10 de fevereiro, publiquei crônica com o título (“CADÊ O LAUDO? (OS PERIQUITOS SÃO MEU RELÓGIO!”). Meses se passaram e em novembro completará um ano das mortes esquecidas, o titular do IPAAM mudou e até agora não houve divulgação dos laudos oficiais das mortes dos periquitos, realizados pelas Universidades de MG e em PE. Sem saber se os periquitos morreram atropelados ou envenenados na Avenida Efigênio Sales, em frente aos Condomínios Mundi e o Efigênio Sales, fica impossível saber do que teriam morrido!
O laudo preliminar divulgado, muito confuso, não apontou ninguém como culpado ou se existiu algum culpado. A omissão é pior do que a ignorância que existe, porque não permite saber se teriam sido morrido envenenados, como foi levantado como primeira hipótese ou atropelados! Cadê os laudos oficiais sobre a morte dos mais de 100 periquitos de uma única vez, feito pelas duas Universidades? Estariam protegendo alguém? Ocorreu um crime ambiental, existiu mobilização de ambientalistas, mas depois tudo parou e ninguém fala mais nada. É como dizia o ex-prefeito de Manaus na década de 70, coronel Jorge Teixeira de Oliveira: “existe a minha verdade, a tua verdade e a verdadeira!”. Mas qual a verdadeira se é que existirá uma só?
O relógio desperta! Não levanto por preguiça mesmo! Minha esposa Yara Queiroz, chama o Carlos Filho, prepara o café e ele segue de ônibus para a Escola, de onde retorna somente no final da tarde. Mesmo sonolento, consigo ouvir ao longe o canto dos periquitos. Como não aprendi a linguagem “periquitês”, não sei se o canto deles é de alegria por estarem vivos; ou de protesto, por não saberem o que causou a morte de seus irmãos: envenenamento ou outra causa, como carretas que passavam veloz próximo as árvores em dormiam, depois de um dia todo de alegria, revoando de um lado para o outro, como se fosse uma nuvem comandada por um único movimento. De que teriam morrido os irmãos dos que ainda cantam?
Também ao deixar o apartamento para praticar meu exercício matinal na Academia do Condomínio Mundi, não os vejo revoando como faziam antes, entrando e saindo do galho da árvore que ainda avisto pela janela aos fundos da cozinha. Também não cantam mais até o mesmo horário que cantavam. Param mais cedo e somem. Será que estariam com medo? O galho ficou tão desgastado que chegou a cair com um vento. Ficou silencioso também. Apenas avisto uma folha caindo ao vento, bailando ao sabor do ar e parando calmamente no chão, esperando para ser decomposta pela ação do sol e da chuva, o mesmo destino que teriam seus irmãos se não tivesse ocorrido uma comoção em Manaus. Houve uma passeata de ambientalistas exigindo a rigorosa apuração de tudo. Só que fizeram na hora em que começam a descansar, no início da tarde. Os periquitos ficaram agitados e cantaram até tarde nesse dia. Seria protestando contra a passeata? Não sei dizer!
O sabiá continua vindo bicar a janela da suíte, mas também não mais com a mesma intensidade de duas vezes ao dia, como fazia antes, logo cedo e no início da tarde. Quando aparece, é só uma vez, no máximo duas. Será que por que em novembro desse ano completarei 4 anos sem novas convulsões, internações ou cirurgias em emergência no cérebro, o sabia não vem mais me lembrar que continuo infectado por bactérias hospitalares borrelia e serrátia incuráveis, mas controláveis com medicamentos? Talvez, talvez, mas não tenho certeza e ninguém pode dar-me a resposta porque também não entendo as bicadas do sabiá em minha janela, embora tenha feito curso de telegrafia em um projeto social no Dom Bosco. Esqueci porque nunca pratiquei esse exercício de pontos e traços para formar palavras. Também não sei responder!
Mas voltemos ao tema da crônica, o laudo dos periquitos que foram brutalmente esmagados por carretas no meio da avenida. O fato causou muita comoção na época, em Manaus. Foi tema da irreverente banda de carnaval da Bica, unindo à morte dos periquitos com um crime praticado a mando de uma socialite casada em Manaus, contra a também amante de seu amante, que seria sua rival!
Cadê a divulgação do laudo oficial das mortes?
A sociedade, os ambientalistas e todos os interessados ficaremos sem saber se os periquitos choram ou cantam por permanecerem vivos ou se lamentam por não me permitirem saber do que seus irmãos morreram. Só sei uma coisa: meus periquitos não revoam mais como antes, aos bandos, saindo e entrando no galho da árvore, que eu apreciava todas as tardes pela janela da cozinha di apartamento, sem pagar nada para vê-los!