Ciranda, Cirandinha
“Nunca os banqueiros ganharam tanto”, dizia a candidata Marina Silva à época das últimas eleições. Afirmação que foi sustentada pelo jornal Valor Econômico, responsável por levantamento segundo o qual os lucros dos bancos teriam atingido a cifra de 279,9 bilhões de reais em todo o governo Lula contra 34,4 bilhões durante mandato de FHC. Ou seja, oito vezes mais.
Alegava ainda o jornal que, embora a candidata Dilma atacasse os bancos, ela seria a preferida do setor.
Sabemos que, no fundo, quem paga essa conta é o povo e os micro e médio empresários. Com os juros do cheque especial e os do cartão de crédito que chegam a níveis insuportáveis. Além de outras receitas ou movimentações financeiras decorrentes de um acentuado estímulo ao consumo (redução de IPI para a aquisição de automóveis, por exemplo), um democrático gerador de riquezas para alguns.
Só que ninguém pode pagar esses juros. E os bancos sabem disso. Então as pessoas vão pagando até quando não conseguem mais. E aí tornam-se inadimplentes, são negativadas, mas os bancos não podem fazer nada.
E passa a ser um negócio tornar-se inadimplente. Pode haver casos em que se deve R$ 50 mil a um banco, chega-se com R$ 5 mil e o banco aceita. Porque é preferível ganhar alguma coisa a não ganhar nada. Além disso, sempre os que pagam em dia acabam compensando as inadimplências dos outros. Algo assim como pagar a luz para quem mora no Vidigal, de frente pro mar, e eventualmente não tem essa despesa.
Trata-se de uma ciranda financeira neoliberal com grandes chances de ser fortalecida com os atributos da Terceirização.
Rio, 04/05/2015