A quem interessar possa

Em tempos de petrolão e lava jato

com as pessoas induzidas a um estado de transe histérico

inquietas como cães sarnentos com carrapato

é um bálsamo poder ouvir alguém sensato

E esta pessoa sensata que tive o prazer e a dádiva de poder ouvir foi o economista André Perfeito, economista chefe da Gradual Investimentos, Mestre em economia política , nomeado o Economista Chefe do ano pela Ordem dos Economistas do Brasil, que concedeu entrevista ao programa Ponto a Ponto da Band News TV. Extraí da entrevistas alguns pontos dentre os que achei mais relevantes do seu raciocínio embasado, crítico, claro e sensato. A entrevista é um alento nestas épocas em que a razão sumiu do mercado e pensar racionalmente é um ato de poucos. A massa, como sempre, entrega-se à emoção, ao rancor e rejeição, fundamentados num medo criado e estimulado (dois minutos de ódio do Grande Irmão?) Uma torturante torneira pingando diuturnamente na testa e nos ouvidos do maior responsável por isto tudo que tá aí: o dito "cidadão?", que, provavelmente, não faz a menor idéia do que venha a ser um CIDADÃO. Tempos de muita emoção negativamente aflorada e estimulada e de pouca ou nenhuma razão. Mas isto, estranhamente, é o ser humano.

As frases entre aspas são os excertos da entrevista.

O texto em aberto (sem aspas), logo abaixo de cada uma das frases, é o meu comentário acerca do que foi dito.

1) - "...estão achando que vão tirar um partido e tudo certo..."

A grande maioria das pessoas, deitadas eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo, acham que trocando A por B tá resolvida a questão. "Pensam?", se é que se pode chamar de pensar a um espasmo involuntário de um neurônio de pensar, "pensam?" que o capeta habita só o momento presente.

Estas mesmas pessoas talvez nem saibam que o "som do mar" do hino nacional, para muitos brasileiros, manifesta-se no som dos esgotos correndo a céu aberto nas vielas e becos da onde moram e que a "luz do céu profundo" não passa de um cotoco de vela aceso sobre uma lata enferrujada ou a bruxuleante luz de um lampião a querosene.

Quantos As e Bs já governaram o país?

O que fizeram, ou não fizeram?

O que realmente mudou em cada governo em prol das pessoas comuns, eu e você?

O que mudou a não ser as moscas?

Eleição após eleição sempre acaba em decepção.

Neste jogo sujo e de cartas marcadas que é a política nacional o nosso voto, que nada mais é do que a expressão dos nossos anseios, me parece que é um mero gesto simbólico a fim de nos fazer crer que temos voz ativa nesta patacoada, nesta grande mentira chamada eleição. As eleições são uma farsa para dar a sensação ao eleitor de que ele tem vez e voz neste sistema podre e impregnado de interesses escusos, mentira e embuste.

Acredite em eleição quem quiser ou for muito carente de atenção e cuidados.

E mais, depois de todos os governos que por aí passaram acredite em partidos e políticos quem não tiver memória ou não tiver vergonha na cara, ou os dois.

Depois do papai noel e da fadinha do dente a eleição, os partidos políticos e os políticos são a maior mentira, a maior trapaça nacional, quiçá, até mesmo mundial. Não acredito que nós fomos capazes de desenvolver sozinhos um “modus operandi” tão sofisticado na sua canalhice.

Você já viu algum governo, seja de que partido for, seja de que corrente for, incomodar, enquadrar, os detentores do dinheiro (banqueiros, empresários, escroques... et catraia)? Pois é!!! Nem eu.

Os banqueiros e empresários deitam e rolam nesta terrinha em que se plantando tudo dá e se conchavando dá mais ainda.

Vide o descalabro dos juros bancários, os juros do cheque especial chega a 457,24 % ao ano, e a usura nos preços e produtos praticados neste brasilsão de "meu deus!!!", de sol e mar, cerveja e cachaça, futebol e novela, muita "night" e muito "face", whatsapp, coisas que tal, fofoca e discurso vão, bundas, sonhos de consumo, mulheres com o cartão de crédito e o cheque especial de fora. Só se for agora.

Os preços das mercadorias e serviços, as tarifas de toda sorte e os impostos impingidos ao "cidadão?" são de primeiríssimo mundo. Os juros bancários extrapolam qualquer limite de compreensão e são do outro mundo. Já os serviços públicos colocados à disposição do incauto e sempre crente "cidadão?" e os salários pagos ao trabalhador são coisas do fim do mundo.

Aqui eu lembro Cazuza:

Brasil

Mostra sua cara

Quero ver quem paga

Pra gente ficar assim

Brasil

Qual é o teu negócio?

O nome do teu sócio?

Confia em mim

Muitos já cantaram ou escreveram as mazelas nacionais. Gregório de Matos Guerra, nos anos de 1600, já denunciava o jeitinho brasileiro. Portanto não há nada hoje que já não tenha sido visto antes. Vivemos um déjà vu constante, mas o único neurônio em ação do símio não capta e/ou não processa a informação.

Eu fico me perguntado aonde é que as pessoas se escondem que não tomam conhecimento destas coisas e, se tomam, por que é que nada fazem?

2) - "...o momento que a gente tá vivendo é muito sério e o desmonte político que tá havendo em cima da presidente, em cima da governabilidade..."

(A frase foi dita assim, truncada. Mas eu acho que quem está acompanhando o momento político entenderá)

O momento seria sério caso houvesse o mínimo de seriedade neste país. O que há são interesse de grupos que, não obrigatoriamente têm compromisso com a seriedade. A vivência mostra que seriedade não é o nosso forte. Nem por parte do "cidadão?" que, para alguns, tudo é motivo para piada e chacota, conduzido como boi de boiada, nem por parte dos sistema político, nem da tão aclamada "democracia". Ou seria melhor dizer "merdocracia"?

Democrático país este nosso onde o degredado filho de Eva não come

Democrática nação cujo o rei, o déspota ou o gigolô,

seja lá quem for que nele impera, nem lhe sabemos o nome

Democrático país no qual a plebe,

esta pústula exposta,

é uma massa faminta e esquálida,

amorfa, vassala e sem resposta

fedendo à bosta

A plebe que entre uma eleição e outra torna-se invisível e some,

servilíssima massa de manobra,

Geni boa para apanhar

Democrático país este nosso, sem alma,

cujos eleitores majoritários são a ignorância e a fome

3) - "...as pessoas estão se iludindo muito fácil..."

Eleição após eleição

Entra governo sai governo

Vendendo a alma ao cão

Ou aos anões do orçamento

Faz tempo que está no ar

esta catinga de excremento

Poder e corrupção

Mensalão e petrolão

Sempre a mesma ilusão

Sempre a mesma decepção

E o pacato cidadão

chacoalhando no busão

à mercê do Grande Irmão

O Grande Irmão te conduz

do colo da mamãe

até o inelutável caixão

(Quem é o Grande Irmão? Leia o livro "1984" de George Orwell e tente fazer os neurônios pegarem... nem que seja no tranco)

Aí você me diz: "Tem que ler? Ah! Mas eu não gosto de ler!

Aí eu te digo como os meus amigos de Mountain View diriam: "No problem"!!!

Alguém já leu antes de você e fez e faz de você isto que você é hoje. Simples assim!!!

Passado o festim e a embriaguez homérica da eleição, calado o canto da sereia partidária, sossegado o facho, a fúria e a estrepolia midiática do pseudo e sempre requentado "o maior escândalo que já se viu", o crédulo e insonte eleitor "patrão" (lembra da propaganda?) volta ao marasmo do sempre mesmo ramerrão e retoma a boa e velha resmungação.

Incrível como a massa é crédula e facilmente manipulável. Deve ser algum problema genético que vem desde a origem do homem.

4) - "...enquanto isto a oposição fica brincando não sei exatamente de que e achando que quanto mais sangrar a presidente melhor..."

A oposição brinca hoje do que o PT brincava antes de ser governo, quando era oposição: tocar fogo no capim seco em meio à vegetaçao. Só que com um agravante: a oposição de hoje encontra respaldo e eco nos interesses e interessados que de fato mandam no Brasil, independente de partidos políticos. E, desculpe-me desaponta-lo, não foi Sarney, nem Itamar, muito menos Collor, FHC nem pensar, não foi Lula, não é Dilma, nem serão os próximos que você elegerá como o eterno e indefectível salvador da pátria quem comanda o Brasil. Ouço, vindo da coxia, o repique de moedas, o tilintar de muitas moedas, dizendo a hora de falar e de calar. Como diz o velho deitado: quem é rei nunca perde a majestade. O ditado é surrado, mas, no nosso caso, reluz como uma pérola de sabedoria. E o rei gargalha a não mais poder diante da nossa simplória antropofagia.

5) - "...o Brasil é o único país do mundo, na minha opinião, que metade dos passageiros do avião querem que o avião caia só por que não gostam da presidente, só por que não gostam do piloto..."

Na queda do avião, entre vivos e mortos, salvam-se os de sempre, que pairam sobre a vida e a morte, pairam sobre a condição (des)humana e miserável em que vive boa parte da população e o outro tanto que sobrevive somente para pagar impostos. A bem da verdade não vivem, nem sobrevivem: já estão mortos. Só esqueceram de deitar.

A íntegra da entrevista do economista André Perfeito pode ser vista no site: www.bandnewstv.com.br, programa Ponto a Ponto de 07/08/2015.