Desistir: é para os fracos?
Diariamente meu feed de notícias do Facebook apresenta uma série de mensagens motivacionais do tipo: não desista nunca, pois tudo é possível. E talvez seja mesmo, mas não sempre, pelo simples fato de que não se pode ter tudo o tempo todo.
Tenho notado uma enorme frequência da associação de desistência à fraqueza, e isso é algo com o qual não consigo concordar e que realmente me incomoda quando leio.
Ao meu ver, para desistir de algo é preciso compreender que aquele plano não vale mais a pena e que aquele caminho não faz mais sentido. E para aceitar ideias como estas é preciso ter, principalmente, força.
Olhando para a vida que tenho, pode parecer fácil eu falar dessa forma, porque eu não tive que desistir de nada que pudesse me abalar tanto. Portanto, sim, as minhas desistências foram fraquezas.
Eu fui fraca quando desisti de prestar Vestibulinho para um curso técnico e me arrependo disso até hoje, mas foi algo pelo qual eu simplesmente não quis lutar.
Eu fui fraca quando decidi parar de trabalhar no meu primeiro emprego, porque não aguentava a pressão escola-trabalho. O motivo de desistir foi tão fraco que dois meses depois eu estava trabalhando de novo.
Entretanto, posso falar de uma pessoa próxima a mim que sempre teve o sonho de ser empresário, ter sua própria empresa, criar seu próprio negócio e suas próprias regras. E o sonho chegou perto de ser realizado: ele teve uma empresa – parte dela, na verdade –, mas em dado momento, se viu num beco sem saída, e suas duas únicas alternativas eram desistir ou se afundar em dívidas.
Ele não foi fraco quando resolveu vender sua parte e deixar a sociedade, mas ele foi forte o suficiente para ver a situação e compreender que não poderia seguir em frente sem se prejudicar. Ele foi forte o bastante para distinguir sonho de possibilidade.
Aquilo não fazia parte da realidade dele, não naquele momento.
Foi assim que aprendi que tudo na vida é composto por inúmeros limites, principalmente as pessoas. E que só eu sei onde meu calo aperta. Só você sabe quando a corda começa a enforcar. E só o outro sabe onde a ferida dói mais.
Foi assim que deixei de compreender a desistência como um passo para trás e comecei a vê-la como uma pausa que prepara um recomeço, porque todo mundo tem o direito de sonhar um sonho novo – e de o fazer quando bem entender.
A fraqueza de alguém não está em sua desistência, mas nos motivos que o levaram a desistir.