A GOIABA DO VIZINHO É MELHOR
Na semana passada eu estava numa das estações do imbróglio do Instituto de Cardiologia, estação terceirizada, pequenas saletas apertadas, a maioria sessentões, revistas envelhecidas pelos folhares nervosos, que, quando muito olham as figuras, então é inevitável o conversar, qualquer coisa é motivo para começar um bate papo.
O esperante que está ao lado, estava impaciente, já passaram-se 30 min. e não chamaram-lhe, irrequieto ele pergunta no balcão e é consolado com a frase:
- O senhor já vai ser chamado! - ele volta a sentar-se e sai acusando a Dilma, pois na dedução dele isto só acontece no Brasil, só acontece quando temos um governo reeleito sob fraude, ele fala tudo isto baixinho, como se quisesse tirar-me para dançar, mas faltava-lhe coragem. Não resta esperança e eu pergunto sobre a fraude, claro que eu já imaginava a resposta e ela vem pronta, parecendo a receita de meu sogro para trocar as pastilhas do freio dianteiro do passat, segundo ele, o meu sogro, qualquer criança sabia como se dava, da mesma forma o reclamante pensou em convencer-me que qualquer criança sabia da fraude nas urnas eletrônicas.
Sai eu com esta:
- Amigo, muito antes de pensar em defender qualquer político, muito menos os tramposos, eu não acredito em fraude significativa através das urnas eletrônicas, pois sou do mundo da tecnologia faz mais de 50 anos! - ele ajeitou-se na cadeira e veio de lá dizendo que não havia o voto impresso, isto e aquilo. A conversa continuou mais um pouco e ele envermelho diante das minhas explicações e indagações, então foi salvo, pela chamada da recepcionista.
No retorno para esperar o farmaco fazer efeito ele preferiu falar-me do trabalho e da vida pessoal.
Passei os últimos dias tentando entender o porquê de tantas pessoas acreditarem que as reeleições dos últimos anos devem-se por possíveis fraudes através da urna eletrônica e não restou-me outra possibilidade, que não seja sobre a goiaba do vizinho, aquela bem amarelinha recheada de bichinhos que nos dá água na boca até pescá-la sobre o muro e sentir os danados do bichinhos estourando pelas mordidas. Não há outra explicação ponderável diante da tecnologia, da agilidade quererem o retrocesso dos "xises" num pedaço de papel, so porque outros povos não conseguem evoluir neste sentido.
Voltando a refrega da discussão, o esperante em dado momento justificou que atualmente pelo voto eletrônico não há assinatura e portanto não há fidedignidade e impossibilidade de conferir se houve alteração, nunca houve, pois se houvesse assinatura deixaria de ser secreto! Respondi eu.
Desisti, conversa inócua, lista de assinaturas servem somente para atestar quem votou. Fraudes são possíveis em qualquer sistema, no de papel, qualquer um pode substituir alguns malotes durante o percurso entre a seção eleitoral e os centros de escrutínios. Urnas eletrônicas podem ter os dados substituídos, mas em ambos os casos dependeria diretamente da conivência da Justiça Eleitoral, que não pertence ao executivo.
Sei lá, se penso que os berrantes não estão preparados intelectualmente para uma suposta fraude eletrônica e assim também poderem fazer o que pensam que os outros fazem, puro delírio sob o ponto de vista tecnológico.