Da série "Eu não tenho amigo normal..."
Tem gente que fala que acontece coisa demais comigo. É um eufemismo que meus amigos usam para não me chamar de mentiroso.
A meu favor, há o fato de que, na absoluta maioria dos casos, eu faço alguma bestagem homérica, passo vergonha e ainda tenho a coragem de escrever depois...gosto de pensar, portanto, que sou apenas um observador mais atento.
Esse é um da série "Eu não tenho amigo normal"
No final dos anos 80, fui demitido do meu 1º emprego e, com a responsabilidade que caracteriza os pós adolescentes, fui pra Aracaju com o solene objetivo de torrar todo o saldo de minha rescisão e FGTS...
Cheguei numa sexta feira e, após as boas vindas dos primos e tias, caímos na gandaia pela orla de Atalaia afora. Na época, a moda era a ''porradinha" cachaça com soda num copo curto, agitada com uma batida forte no joelho e bebida rapidamente num gole só...
Após várias rodadas da tal porradinha, acordei num lugar ignorado, numa ressaca dos infernos, com uma moça cuja feiura é impossível de descrever se demostrando apaixonadíssima com o que quer que eu (e a porradinha) tenhamos feito ou falado pela madrugada adentro.
A pobre moça não sabia que eu não tinha a mínima ideia de quem era ela, ou o que eu estava fazendo ali. Foi a pior manhã de sábado da história pra mim. Na moral...
Esse fato, perdido no tempo e no espaço, me veio à mente por causa de uma frase genial do meu amigo Jorge Cebola. Depois de me contar uma aventura em muito similar à minha de 89 e ouvir o sermão que eu hipocritamente fiz a ele ( rapaz, vc não tem mais idade pra isso e tal) me olhou serenamente e disse: "Negão, a cachaça é o cupido engarrafado!"