Hilda, a Bruxa e suas Mandrágoras
Ela, passada sua fase de ninfa, se predispôs a se isolar. Encontrara uma missão: desvendar os mistérios da Morte e da Loucura. Por isto buscou todos os meios literários: das filosofias às exatas. Lia arduamente e comunicava suas inferências através de seus escritos: seu trabalho de escriba.
Por poucos a entenderem e lhe compreenderem, ela se achou amaldiçoada de tanto lhe chamarem de Poeta Maldita.
O que escreveu não era para o seu tempo. Sem dúvida, é uma escritora que foge da pieguice do romanesco e certamente antecipa o pós-modernismo literário.
Por querer desvendar os segredos da Morte cria para si sua versão mística. Na sua moradia, a “Casa do Sol”, por onde os raios solares penetram o colossal portão de ferro à moda de cemitérios e doura o átrio da casa, os espaços nos cantos são preenchidos por ícones de diversas religiões. Dizem que para estes cantos seus cães costumam olhar parecendo ver aquilo que as pessoas não distinguem. Ela, Hilda, dizia ser espectros, visitantes de outras dimensões. Dizia também que o lugar já foi visitado por discos voadores e luzes. Ela ouvia vozes garantindo que nunca usou drogas e que seus vícios eram somente os cigarros, o vinho do porto e uísques.
Hilda fez experimentos gravando sons que dizia serem vozes de mortos entre os ruídos da gravação. Os cientistas com quem conviveu garantem que tal fenômeno é pareidolia.
Chegou também a ter visões de entes queridos mortos como o pai, a mãe e o escritor Caio Fernando Abreu. Acreditava que há Marduk, o planeta paralelo a Terra em outra dimensão onde se destinam os espíritos evoluídos. Desenvolveu para isto a teoria de que a pessoa constrói, enquanto vive, a sua alma. E que esta construção é em direção à imortalidade da mesma.
Em sua propriedade ainda há a figueira. Árvore com mais de trezentos anos que Hilda garante que atende aos pedidos em época de lua cheia. Dizem que quem já experimentou teve seus pedidos atendidos comprovando assim a veracidade da lenda.
Estas são as crendices, as mandrágoras, de Hilda. Que querendo ser famosa e reconhecida escritora, a ponto de ganhar o Nobel, ganhou mesmo foi a alcunha de bruxa. Sua época, querendo ser modernista, mas marcada ainda pelo romantismo, não compreendeu o ser pós-modernista que Hilda Hilst foi.
Deixando para traz as escolas literárias dos dois séculos anteriores, cabe ao presente promover e descobrir a excelência dos escritos de Hilda Hilst.
Ela, passada sua fase de ninfa, se predispôs a se isolar. Encontrara uma missão: desvendar os mistérios da Morte e da Loucura. Por isto buscou todos os meios literários: das filosofias às exatas. Lia arduamente e comunicava suas inferências através de seus escritos: seu trabalho de escriba.
Por poucos a entenderem e lhe compreenderem, ela se achou amaldiçoada de tanto lhe chamarem de Poeta Maldita.
O que escreveu não era para o seu tempo. Sem dúvida, é uma escritora que foge da pieguice do romanesco e certamente antecipa o pós-modernismo literário.
Por querer desvendar os segredos da Morte cria para si sua versão mística. Na sua moradia, a “Casa do Sol”, por onde os raios solares penetram o colossal portão de ferro à moda de cemitérios e doura o átrio da casa, os espaços nos cantos são preenchidos por ícones de diversas religiões. Dizem que para estes cantos seus cães costumam olhar parecendo ver aquilo que as pessoas não distinguem. Ela, Hilda, dizia ser espectros, visitantes de outras dimensões. Dizia também que o lugar já foi visitado por discos voadores e luzes. Ela ouvia vozes garantindo que nunca usou drogas e que seus vícios eram somente os cigarros, o vinho do porto e uísques.
Hilda fez experimentos gravando sons que dizia serem vozes de mortos entre os ruídos da gravação. Os cientistas com quem conviveu garantem que tal fenômeno é pareidolia.
Chegou também a ter visões de entes queridos mortos como o pai, a mãe e o escritor Caio Fernando Abreu. Acreditava que há Marduk, o planeta paralelo a Terra em outra dimensão onde se destinam os espíritos evoluídos. Desenvolveu para isto a teoria de que a pessoa constrói, enquanto vive, a sua alma. E que esta construção é em direção à imortalidade da mesma.
Em sua propriedade ainda há a figueira. Árvore com mais de trezentos anos que Hilda garante que atende aos pedidos em época de lua cheia. Dizem que quem já experimentou teve seus pedidos atendidos comprovando assim a veracidade da lenda.
Estas são as crendices, as mandrágoras, de Hilda. Que querendo ser famosa e reconhecida escritora, a ponto de ganhar o Nobel, ganhou mesmo foi a alcunha de bruxa. Sua época, querendo ser modernista, mas marcada ainda pelo romantismo, não compreendeu o ser pós-modernista que Hilda Hilst foi.
Deixando para traz as escolas literárias dos dois séculos anteriores, cabe ao presente promover e descobrir a excelência dos escritos de Hilda Hilst.
Leonardo Lisbôa
Barbacena,17/06/2015
Texto baseado no Livro: Fico Besta Quando me Entendem, entrevistas com Hilda Hilst, Cristiano Diniz (Org.). Biblioteca Azul.
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