DIREITO DE OPINIÃO
 
Estou preste a fazer cometer um sincericídio, e possivelmente serei virtualmente linchada, mas vamos lá, nunca tive medo de dizer o que penso...  Citando o sábio Voltaire: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
 
     Ontem estava lendo as notícias quando me deparei com uma crônica de Martha Medeiros para o Zero hora, sobre a recente morte de Cristiano Araújo. Ela na minha percepção, expressou a mesma opinião do Zeca Camargo, só que com muito mais respeito e objetividade, e como era de se esperar as opiniões foram antagônicas sobre a questão, e até rolou uns barracos por lá. Normal. Eu concordo com ela em gênero, número e grau.
 
     Fiquei penalizada, qualquer jovem que morra cedo ganha minha compaixão, e milhares de jovens, com muito menos oportunidades, dinheiro, fama, e talvez mais talento, morrem diariamente não só no Brasil como no mundo todo. Há guerras sendo travadas das quais nem temos conhecimento, pessoas estão perdendo suas vidas decapitadas, fuziladas e apedrejadas por sua fé ou nacionalidade, tem coisas muito mais graves mundo afora e mesmo aqui dentro, haja visto essa sujeirada na política nacional, os casos de corrupção, violência, estupros, drogas, e toda sorte de infortúnios. Os políticos adoram esses momentos, tal qual ninjas lançam essas bombas de fumaça, enquanto desaparecem com seus segredos escusos.
 
     O compartilhamento mórbido de vídeos de pessoas morrendo ou mortas, não é novidade, já vi dezenas de vezes no WhatsApp e outras redes sociais. Já me mostraram um vídeo de um cara agonizando depois de bater numa pá carregadeira, o peito aberto o coração batendo e o infeliz com aqueles olhos esbugalhados, partindo lentamente, a vida se esvaindo pouco a pouco. Horrível, mil vezes pior, e até onde eu sei ninguém foi preso. Para quê? Era só uma pessoa comum, um José ou um João, não fazia parte da realeza da fama - que é outra questão discutível, nem sempre os mais famosos são os mais talentosos. 
 
     Como ela, também fiquei surpresa com a proporção que tudo ganhou. Ele não descobriu a cura da aids, não ganhou o Nobel da Paz, ele só cantava bem, a morte dele não é mais digna de pranto pelo status que adquiriu. Inclusive a namorada dele que era mais nova faleceu no mesmo acidente, ela vale menos ou os pais dela sofrem menos? Alguém fala dela?
     
 É questão de abrir a mente e lembrar que todos morrem, deixar a hipocrisia de lado e ver que tem gente que morre em fila de hospital, de fome, de sede, de doenças comuns e rotineiras, de doenças raras, em crimes violentos, em crimes banais, e aparentemente ninguém se importa, parece que pensam: Dane-se, não conheço eles, nunca apareceram na TV, nunca fizeram nada de relevante, não farão falta neste planeta.
 
    Outro exemplo disso, foi o acidente do Luciano Huck, que conseguiu exames e atendimento de qualidade em tempo recorde no SUS, talvez até ganhe um prêmio no Guinness Book, nunca ouviu falar de tanta competência e zelo na saúde pública.
 
     Como a maioria fiquei penalizada pela morte do coitado, mas fazer disso um evento histórico e nacional, beira o ridículo pelo exagero.
Morreu recentemente um britânico que salvou 669 crianças de serem vítimas do nazismo. E cadê a comoção global por esse herói que arriscou a própria vida e nunca fez alarde disso?

    Que cada um analise suas prioridades e respeite as opiniões alheias, por mais distintas que sejam, não existem certos ou errados na questão, mas esse endeusamento de todos artistas que morrem é um tanto precipitado. Tudo deve ser visto dentro da real proporção. Eles são apenas pessoas comuns fazendo seu trabalho como você e eu, diariamente em busca do pão nosso de cada dia.
 
     Sei lá eu penso assim. Minha ídolo é minha mãe, dos artistas (alguns) eu admiro o trabalho.

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