A Mulher de seu Tempo,
A Escritora do Futuro
PRESSÁGIOS.
Tudo o que escreveu em seu primeiro livro denotava presságios de grande escritora que se tornaria. Mas por enquanto vivesse em seu presente seria mulher de seu tempo carregando maneirismos e modismos. O que escreveria seria para o futuro.
Recém-formada desfilava trajes finos e penteados pelas rodas elitistas que frequentava. Fumava e bebia uísque a qualquer hora. Dançava em boates e promovia reuniões sociais para os amigos. Esnobava prêmio literário. Era muito chique para trabalhar em escritório de advocacia e por isto fora passar temporada na França. Procurava aventura no meio intelectual e artístico. Voltara.
Mergulhava em leituras e acompanhada de um de seus amantes – tornaria seu marido por imposição de sua mãe – construiu a Casa do Sol. Abandonou a vida grã-fina. Cortou o cabelo puxando-o para trás. Vestiu batas à moda hippie. Sua moradia e seu estilo seriam bem os anos de virada das décadas 60/70 se não fosse o objetivo de ler e produzir literatura.
Suas leituras visavam o melhor escrever e produzir experiências metafísicas para entender a loucura e a morte – seus terrores.
Sua casa se tornou lugar para abrigar artistas, perseguidos pela ditadura e cientistas.
Na década de 60 muito se especulou sobre extraterrestres e fenômenos místicos. Ela não poderia ser diferente. Hilda Hilst afirmava ter visto discos voadores, presenças de mortos e até gravou vozes em fitas.
Era a mulher de seu tempo vivendo o que se especula na época.
Na virada do século e milênio chegou a internet e o computador. Mas ela se recusou a utilizar estas tecnologias preferindo a sua velha máquina de escrever.
Foi o romper cronológico!
Durante 50 anos Hilda Hilst produziu.
Produziu e se sentiu frustrada por não ser compreendida, pouco lida e ser taxada de hermética. Sobre isto ela, com muita consciência afirmou “na poesia, na obra de arte, há uma terra de ninguém, cantos obscuros que para serem iluminados necessitam de sensibilidades “antenadas” à nossa. Daí tantos poetas e escritores demorarem para serem compreendidos.” E ainda “Quero ser lida em profundidade e não distração, porque não levo os outros para me distrair mas para compreender, para me comunicar. Não quero ser distraída. Penso que a última coisa que se deva pedir a um escritor: novelinhas para ler no bonde, no carro, no avião.”*
Ela dizia que o que tinha escrito era para daí a 50 anos ser entendido. E realmente é agora que sua obra está sendo mais bem disseminada com editora publicando sua obra completa, teses de mestrados e doutorados destrinchando seus escritos, suas peças sendo encenadas e ela sendo interesse internacional.
A Hilda Hilst viveu seu tempo como cidadã daquela época que terminou em 2000. Agora é a época do tempo de valorização da escritora Hilda Hilst.
O futuro hilstiano se fez presente!
A Escritora do Futuro
PRESSÁGIOS.
Tudo o que escreveu em seu primeiro livro denotava presságios de grande escritora que se tornaria. Mas por enquanto vivesse em seu presente seria mulher de seu tempo carregando maneirismos e modismos. O que escreveria seria para o futuro.
Recém-formada desfilava trajes finos e penteados pelas rodas elitistas que frequentava. Fumava e bebia uísque a qualquer hora. Dançava em boates e promovia reuniões sociais para os amigos. Esnobava prêmio literário. Era muito chique para trabalhar em escritório de advocacia e por isto fora passar temporada na França. Procurava aventura no meio intelectual e artístico. Voltara.
Mergulhava em leituras e acompanhada de um de seus amantes – tornaria seu marido por imposição de sua mãe – construiu a Casa do Sol. Abandonou a vida grã-fina. Cortou o cabelo puxando-o para trás. Vestiu batas à moda hippie. Sua moradia e seu estilo seriam bem os anos de virada das décadas 60/70 se não fosse o objetivo de ler e produzir literatura.
Suas leituras visavam o melhor escrever e produzir experiências metafísicas para entender a loucura e a morte – seus terrores.
Sua casa se tornou lugar para abrigar artistas, perseguidos pela ditadura e cientistas.
Na década de 60 muito se especulou sobre extraterrestres e fenômenos místicos. Ela não poderia ser diferente. Hilda Hilst afirmava ter visto discos voadores, presenças de mortos e até gravou vozes em fitas.
Era a mulher de seu tempo vivendo o que se especula na época.
Na virada do século e milênio chegou a internet e o computador. Mas ela se recusou a utilizar estas tecnologias preferindo a sua velha máquina de escrever.
Foi o romper cronológico!
Durante 50 anos Hilda Hilst produziu.
Produziu e se sentiu frustrada por não ser compreendida, pouco lida e ser taxada de hermética. Sobre isto ela, com muita consciência afirmou “na poesia, na obra de arte, há uma terra de ninguém, cantos obscuros que para serem iluminados necessitam de sensibilidades “antenadas” à nossa. Daí tantos poetas e escritores demorarem para serem compreendidos.” E ainda “Quero ser lida em profundidade e não distração, porque não levo os outros para me distrair mas para compreender, para me comunicar. Não quero ser distraída. Penso que a última coisa que se deva pedir a um escritor: novelinhas para ler no bonde, no carro, no avião.”*
Ela dizia que o que tinha escrito era para daí a 50 anos ser entendido. E realmente é agora que sua obra está sendo mais bem disseminada com editora publicando sua obra completa, teses de mestrados e doutorados destrinchando seus escritos, suas peças sendo encenadas e ela sendo interesse internacional.
A Hilda Hilst viveu seu tempo como cidadã daquela época que terminou em 2000. Agora é a época do tempo de valorização da escritora Hilda Hilst.
O futuro hilstiano se fez presente!
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 17/06/2015.