Porque eu não discuto sobre política
O significado da palavra política é “a arte de governar”, mas em seu sentido figurado, está associada à maneira hábil de agir para se obter o que deseja, à astúcia, ao artifício.
E parece que nos tempos em que vivemos, a realidade não é tratada com a devida seriedade e o que antes era figurado, agora virou uma realidade paralela na qual alguns homens públicos vivem e onde querem inserir a sociedade a qualquer preço.
E se a astúcia é definida como uma especial capacidade para enganar, o artifício, segundo o “Seu Aurélio”, é ainda o conjunto de manobras inteligentes que serão feitas para convencer as vítimas do blefe de que estão diante da mais límpida verdade.
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer, representante do pessimismo, escreveu um livro pequenino sobre a Dialética Erística, o qual é extremamente útil para podermos entender essa “Teoria do Caos” política praticada atualmente, já que os políticos têm como máxima, a premissa de que “político bom, é político que consegue deixar o povo completamente confuso, e assim, extremamente acessível”. Nesta obra, Schopnhauer expôs com maestria a arte de conseguir dar sempre a última palavra, com a ajuda da nossa boa e velha astúcia, a qual não tarda e irei crer tratar-se da mãe da política moderna.
A palavra de ordem é “lograr”, promover engodos e se fazer passar por uma boa pessoa a qualquer preço. É aí que a velhaca astúcia, passa a andar de mãos dadas com os melhores recursos da atualidade para os seus fins: O marketing e a mídia.
O marketing é o mais moderno e sutil processo de lavagem cerebral que se podia criar. Graças a ele, a sociedade mundial vem sendo condicionada de acordo com as conveniências da elite.
A mídia é a serva do marketing. Bem longe de ser instrumento de informação isento, a mídia tornou-se criada do melhor pagador.
E é interessante notar que até mesmo pretensos políticos sem o mínimo de instrução se mostram ardilosos “marketeiros”.
É realmente triste constatar que não é preciso ser culto ou conhecedor de causa para se alcançar uma posição de destaque frente à sociedade brasileira.
Certa feita, eu li num texto do filósofo Olavo de Carvalho que ele considerava que no Brasil as coisas só não rumavam para a tragédia, pois as ações eram tênues, o território grande e os contratos sociais ralos e epidérmicos (para um bom burro, ele quis dizer superficiais). Isso foi no ano de 2003. E eu, temo que as ações já não sejam tão tênues, que o país já esteja ficando pequeno demais para tanta podridão e que os contratos não sejam assim tão superficiais, uma vez que o que vemos hoje em dia são políticos com os “culhões” recheados de dólares enquanto filósofos como Olavo de Carvalho vivem praticamente de migalhas.
O que se vê desfilar diante de nossos olhos é a completa derrocada de qualquer possibilidade remota de ética, moral e caráter.
Eu não discuto sobre política porque me envergonho por constatar que as nobres escolas superiores de ciências políticas e sociais deixaram de ser regaços filosóficos e tornaram-se escolas de marketing pessoal, de atores e o que é pior, de bandidos.
E se o povo brasileiro vem progressivamente cultuando o mau-caratismo e se acostumando com a mentira, fica chato continuar afirmando que “Deus é brasileiro”, pois quem acreditaria num Deus brasileiro? Chego a pensar no ateísmo como um caminho.