NUTA PECHER, O MÁGICO DAS GARRAFAS

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Dr. Simão Pecher,, falando sobre o trabalho deixado por seu pai ( http://www.youtube.com/watch?v=YYp8iTOyXn)

A cidade de BUKOWINA, hoje Ucrânia, perdeu um gênio, um cidadão do Mundo e o Amazonas ganhou um produtor de “Garrafas Mágicas” ou seriam apenas obras de arte em forma de barcos regionais, casas de caboclo, símbolos religiosos e jangadas? De 1980, quando conheci esse trabalho pela primeira vez, até os dias de hoje, não tenho certeza se eram “Garrafas Mágicas”, ou NUTA PECHER era o próprio mágico nas garrafas que as produzia em forma obras! A sua dedicação, maestria, precisão e competência eram tantos que conseguiu educar seu único filho, tornando-o médico. O cidadão NUTA PECHER, nasceu em 19 de março de 1908 e faleceu em 27 de fevereiro de 1996, em Manaus. Na época em que deixou seu país natal, ele era dominado pelo Império Austro-húngaro, invadido pelos nazistas após o assassinato do Rei Ferdinand, causa primeira da I Guerra Mundial!

 Quando o conheci como jornalista, no início de minha carreira,  no final  dos anos 70 e início 80, me pediu: “divulgue meu trabalho”. Eu fazia tratamento para queda de cabelo com a esposa do médico, Nina Pecher, com aplicação de luzes e injeções. Não adiantou. Meu caso era  genético e hoje estou a cara de meu pai e de meu avô: completamente calvo! Mas deixa isso para lá porque usei cabelo grande, e cacheados, no meio das costas,  durante 13 anos. Eu o amava, mas se rebelou como ocorre com a juventude, foi embora e não me disse adeus. Que ingratidão! Naquela época sem internet, redes sociais e tendo no máximo um jornal que ainda usava teletipo, máquina de datilografia e recebia fotos uma máquina ensurdecedora que apitava o tempo todo e mais ainda quando era concluída a transmissão da fotografia para informar que tinha chegado ao fim, para o Lucena “Pau Baru”, retirasse o papel do cartucho e a revelasse, não me foi possível. Agora, com o progresso tecnológico, a internet, as redes sociais, isso será possível diante de um mundo globalizado e conetado. Senhor NUTA PECHER, que deixou sua terra natal fugindo do Nazismo e veio morar no Brasil, naturalizando-se em 1950., estou cumprindo, mesmo atrasado, o seu pedido

NUTA PECHER aprendeu a arte do “OPUS IN VITRO” com seu genitor (Aron Pecher), na sua cidade natal, entre 1915 a 1925. No Brasil, naturalizado em 1950, fez curso de “Introdução à Arte Moderna Brasileira, Curso promovido pela FUNARTE e Instituto Nacional de Artes Plásticas- Projeto Arco-Iris, Manaus(AM), de 12 a 27/08/1982”. Fundou a Loja Maçônica “Duque de Caxias”, no dia 19 de novembro de 1948,  foi benemérito da Ordem da Grande Loja do Estado do Pará, em 29/12/1950. fundou a Associação Amazonense de Artistas Plásticos, em Manaus, em 1980 da qual se tornou depois membro de seu Conselho Fiscal, de 1981/85, foi membro do Conselho Consultivo do Comitê Israelita do Amazonas de 1991/95 e participou de inúmeras exposições, como a do Salão Aberto de Artes Plásticas “Luiz Naranjo”, promovido pelo Instituto Cultural Brasil-Chile, realizada em Manaus, no dia 18/09/79. Depois, participou de 5 a 16 de 10/1981, participou de exposições individuais na Galeria Afrânio de Castro, promovido pela Comissão do Patrimônio Artístico e Histórico do Amazonas, expôs na Galeria do Novotel, pela Superintendência Cultural do Amazonas em 1982. Também expôs suas “Garrafas Mágicas”, na Galeria Afrânio de Castro, de 4 a 17 de 11/1983 e também participou da Exposição “Pai e Filho”, do III Encontro Norte/Nordeste de Escritores, em Boa Vista, de 30/05 a 03/06/84, ao lado de seu filho médico Simão Arão Pecher, nascido no Estado do Pará em 10.01.1944, fruto de sua união com a senhora Syme Zagury Pecher , no dia 24/01/1940, matrimônio realizado em Belém.

Olhando para uma garrafa com a figura de um jangadeiro, nem imagino como devem terem se sentido se as pessoas que tiveram o privilégio de conhecer as obras de arte de seu NUTA PECHER, no Holocaust Center of Art, New Jersey, Estados Unidos ou nas sinagogas de Bat-Yam, Israel, Montreal, , Botafogo, Rio de Janeiro, de Belém e Manaus e, ainda, no Centro Israelita do Rio Comprido e em outras Várias Sinagogas pelo Brasil e exterior. NUTA PECHER, possui acervos particulares no Brasil, França, Canadá, México, Israel e Estados Unidos. Também era versátil em outras artes e escreveu crônicas e contos, sendo colaborador assíduo da Revista HATIKVA (A ESPERANÇA), de 1984 a 1985 e para qual escreveu os artigos O HOMEM DE BARRO, CASO VERDADE, O FRANGO E O CASAMENTO. Também colaborou com a Revista NASCENTE, onde publicou o artigo UMA E MEIA DA TARDE.

O cidadão do mundo e do Amazonas, defendia a natureza em todos seus aspectos porque dizia que “a natureza sempre foi sábia e o homem tem que se adaptar ao meio em que vive, sem depender das dádivas do Criador”. Segundo seu filho Simão Arão Pecher, "suas “Garrafas Mágicas”, refletem a beleza  e o encanto da natureza (Ecologia), com a integração do homem ao meio (Ecossistema)”. Talvez esteja nessa explicação a beleza da arte do Cidadão do Mundo NUTA PECHER que, pela sua religiosidade, esculpia esculturas religiosas hebraicas e as colocava dentro de suas “Garrafas Mágicas”. Ou ele seria somente um mágico que transformava em garrafas em obras de artes belíssimas, como a que ostento em minha estante: um velejador em sua jangada, colocada peça por peça! Ou o barco regional que está em poder da família, montado peça por peça, nos mínimos detalhes. Não sei se  eram Garrafas Mágicas que o Senhor Nuta Pecher produzia ou se eram mágicas dentro de garrafas que o cidadão ucraniano da cidade  BUKOWINA conseguia reproduzir como obras de arte dentro delas.

De 1980 até os dias de hoje, essa dúvida me acompanha e me persegue porque passei várias horas conversando com seu filho médico e não consegui descobrir o mistério de trabalho tão meticuloso, preciso e dedicado e nem tirar a dúvida. Só sei que foi um belo presente que recebi, para o qual olho agora enquanto escrevo essa crônica, cumprindo uma obrigação e um dever que seu pai me pedira na década de 80, vendo o a jangada sumir de meu olhar, entrando no mar!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 30/05/2015
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