Meu meio ambiente no meio ambiente
As semanas do meio ambiente estão acontecendo pelo território brasileiro. Abraços apertados em árvores, índios nas escolas, lixeiras feitas de pneu velho, bandeiras empunhando a reutilização de materiais, reaproveitamento de água por todo lado e os secretários de tal pasta empolgados com mais uma inauguração de uma cooperativa de reciclagem de resíduos, como também a perfuração de poço artesiano de quinhentos metros. A expressão transformação da consciência ambiental rola solta pelos discursos em todo país. A formação do cidadão consciente de seus atos. Os municípios que ainda não tem aterros sanitários e estações de tratamento de água e esgoto prometem que até o final desse ano começarão as obras, já aqueles onde as obras estão paradas prometem terminar o mais rápido possível. As Unidades de Conservação recebem excursões de todos os cantos do país, onde as pessoas irão contemplar a beleza cênica da natureza em trilhas ecológicas e comprovar a capacidade do Ministério do Meio Ambiente de preservar e conservar seus recursos naturais. E a semana acaba. A Baía da Guanabara continua aquela imundice, o rio Tietê a partir de Mogi das Cruzes nem se fala, e o número de analfabetos funcionais dentro das escolas públicas brasileiras não param de crescer. Contraditório. Dentro das escolas alunos analfabetos. A mesma contradição pode ser observada entre os coletores de reciclagem. Coletam resíduos por toda a cidade e ao separara-los geram mais lixo do que o lixo que coletou. Resultado. Jogam em terrenos baldios, queimam nas ruas, avenidas e calçadas ou quando não deixam enfrente a residência aquilo que não tem valor econômico. O que o mundo fala sobre isso? Se a educação ambiental não for implantada nas escolas, condomínios, instituições de todo tipo isso não terá um fim. Prédios sustentáveis, casas econômicas, pessoas andando de bicicletas e nada disso é o suficiente para impedir a degradação dos ambientes. Criou-se a educação ambiental no seio da maior crise econômica do século XX. A crise do petróleo. E a recomendação da ONU era para que as nações implantassem a educação ambiental objetivando seguir os princípios básicos da Nova Ordem Econômica Internacional. Entre as mentiras desses princípios estavam a transferências de tecnologias para os países pobres como também ajuda financeira. As lorotas de sempre, mas a verdade estava na abertura das fronteiras para a entrada de empresas poluidoras, exploração dos recursos naturais e dos pobres dos países pobres. Hoje maravilhado com o mundo do consumo o ser humano vê a primeira oportunidade de se sentir feliz. Concordo com o geógrafo Milton Santos ao dizer que a única camada social que poderia provocar uma transformação social de grande porte no país abriu suas janelas para o consumo e os favelados que são expropriados da sua própria Constituição Federal se transformaram em classe: C; B para A; ou caiu de C para E. Classes do que? A economia suja como sempre, agora nas entrelinhas da propaganda e do marketing aponta um novo horizonte para todas as classes você pode viajar mais, comprar mais, ser mais feliz ao comprar um produto da bombril 100% ecológico. A cidade tem mais cidadãos disciplinados ou indisciplinados? Em minha opinião cidadãos ordeiros ou disciplinados. Consomem o que lhe mandam consumir. Economizam o que lhe mandam economizar. E reagem ao ver na televisão a destruição da Amazônia. A visão romântica do mundo europeu e norte americano dos anos 70. Existe o cidadão indisciplinado? O que ele faz para ser indisciplinado? Sua indisciplina é direcionada para quem? Não tenho uma resposta nesse momento, porém o primeiro passo é descobrir quem manda no mundo e fazer uso de sua indisciplina.