Cardápio padrão FIFA
De repente um sobrevoo de helicópteros mais precisamente cinco deles, que adejavam espetacularmente ao imenso canteiro de obras, de uma das Arenas faraônicas padrão FIFA, planejada para receber e acomodar a galera do mundo todo, e provar que somos bons anfitriões. Um empreendimento tão grande, que até hoje um ano depois da Copa, ainda não foi concluída, quem sabe, estará pronta para a próxima copa do mundo no Brasil. Não, não era a seleção Alemã tentando reconhecer o gramado, mesmo porque nem ainda havia um gramado, somente a terraplenagem que teria sido naquele dia, cuidadosamente preparada e transformada num imenso Heliporto para recepcionar tão ilustre visita. Com manobras espetaculares, as aeronaves então pousam estrategicamente uma em cada canto do quadrante de terra compactada, e bem ao centro o imponente helicóptero branco. Até então, aquilo tudo era uma grande surpresa para os mais de duzentos brasileiros, ferragistas, montadores, carpinteiros, concretistas, motoristas gente decente que são chamados de peões da construção civil, porém são pessoas honestas que cumprem com seus deveres cívicos e que rendem preciosos votos.
Eis que se abre a porta e, surge:- (como diria um famoso apresentador de TV), o nosso glorioso candidato. E como todos em campanha, acompanhado por vários seguranças uma equipe de homens fortes e grandes, tantos quantos cabiam naquele helicóptero. Das outras Aeronaves pessoas fluíam, era tanta gente que até parecia a cerimonia de abertura da Copa sendo antecipada. Providenciaram então, um capacete branco ao visitante, que após devidamente paramentado, caminhou em direção à fila de trabalhadores que naquele momento recebiam seus marmitex; as famosas quentinhas, pois era o horário de almoço dos mesmos. É de praxe, em época de campanha política ver candidatos comendo em restaurante de um real, tomando cafezinho no boteco da tia na esquina, fazendo self com moradores de rua, ajudando pessoas idosas a atravessar no cruzamento, subindo escadarias de joelhos, beijando criancinhas nas portas das unidades de saúde, prometendo hospitais públicos com atendimento de primeiro mundo para cães, e por ai vai. Nosso candidato então, não perdeu tempo, encarnou o personagem “Oreia seca”, apelido carinhoso criado entre nossos bravos operários, e entrou na fila. Qual não foi sua decepção quando ao abrir a marmita, deparou com o prato do dia: Tonico Tinoco e zoião, que traduzido é: o inseparável trio, arroz com feijão, e ovo. Desapontado, olha para os crachás de três dos operários sentados ali ao seu lado puxou assunto meus amigos Genuíno, Dirceu e Ribamar a comida aqui é sempre boa assim? Um deles respondeu não companheiro, de vez em quando eles servem um escondidinho de jabá com jerimum o “pobrema” é que o jabá é tão escondidinho que a gente nunca encontra. Pois é companheiros em minhas andanças ai pelo Brasil, aprendi que devemos sempre repartir o pão. Percebendo que um dos seus seguranças não havia se servido, chamou-o e gentilmente cedeu-lhe a marmita intacta, sem ao menos ter tocado na comida, isto é que é ter bom coração, fazer o bem sem olhar a quem!
Idal Coutinho