Ultimamente venho pensado muito sobre o perdão e o quanto somos capazes de perdoar. Desde criança, principalmente no catecismo, me ensinaram que quem é capaz de perdoar é uma pessoa boa e vai para o céu. E quem não consegue perdoar? É uma pessoa ruim? Vai para o inferno? Quer dizer, a pessoa sofre uma injustiça e por que não consegue perdoar, deixa de ser a vítima e transforma-se no algoz? Isso não é justo.
Lembro de uma entrevista da novelista Glória Perez em que ela relata um encontro com o grande Chico Xavier. Ele pediu que ela perdoasse os assassinos da sua filha e seguisse em frente. Dois dias depois ela ligou para o famoso medium e disse que seguir em frente tudo bem, mas o perdoar ela não conseguia. Guilherme de Pádua virou crente e refez sua vida, assim como Paula Thomaz que casou com um homem rico e refez sua vida. Daniela Perez foi morta por um motivo fútil. Glória Perez torna-se algoz por não conseguir perdoar os dois?
O ato de perdoar é mais difícil do que o ato de pedir. Isso é fato. É uma ato que só conseguimos dizer sim se realmente estamos sendo sinceros, senão não conseguimos. Como pedir as Glórias da vida que perderam as pessoas que mais amavam no mundo, para passarem por cima da sua dor e revolta? Não dá.
Meu pai foi um péssimo marido e um péssimo pai. Acabou com tudo que tínhamos, traiu minha mãe nos expondo a um escândalo sem precedentes, saiu de casa e dois anos depois....morreu.Ele desestruturou toda a nossa família e deixou marcas que até hoje não sairam. Não fui ao seu velório, nem ao seu enterro por que estávamos morando em outra cidade, mas não senti nada ao saber da notícia e durante muitos anos sua morte era abstrata para mim. Ele não era obrigado a ficar num casamento infeliz e tinha o direito de refazer sua vida, mas a maneira que ele escolheu para fazer isso foi cruel.
Minha mãe já o perdoou e até hoje tenta falar apenas dos tempos bons em que ele ainda não tinha mudado, mas eu simplesmente não consigo me lembrar desse tempo. Apenas consigo lembra dos tempos ruins, das humilhações do escândalo e de ter que sair da minha cidade, me afastar dos meus familiares para recomeçar a vida.
A minha maior frustração é ele ter morrido antes de podermos ter uma conversa franca e eu desabafar para ele toda a minha dor e revolta. Acredito que talvez depois dessa conversa, talvez eu o perdoasse, mas como isso não aconteceu se eu dissesse que o perdôo estaria mentindo.
Hoje sou espírita e estou tentando me tornar uma pessoa melhor, mas acho que a grande dificuldade que tenho para perdoar meu pai é por que ele supostamente teria que me proteger, ensinar-me um monte de coisas, ser meu ídolo e ele fez exatamente tudo ao contrário.
Quem sabe um dia, talvez em outra encarnação, a gente se encontre e eu consiga lhe perdoar. Quem sabe né?
Lembro de uma entrevista da novelista Glória Perez em que ela relata um encontro com o grande Chico Xavier. Ele pediu que ela perdoasse os assassinos da sua filha e seguisse em frente. Dois dias depois ela ligou para o famoso medium e disse que seguir em frente tudo bem, mas o perdoar ela não conseguia. Guilherme de Pádua virou crente e refez sua vida, assim como Paula Thomaz que casou com um homem rico e refez sua vida. Daniela Perez foi morta por um motivo fútil. Glória Perez torna-se algoz por não conseguir perdoar os dois?
O ato de perdoar é mais difícil do que o ato de pedir. Isso é fato. É uma ato que só conseguimos dizer sim se realmente estamos sendo sinceros, senão não conseguimos. Como pedir as Glórias da vida que perderam as pessoas que mais amavam no mundo, para passarem por cima da sua dor e revolta? Não dá.
Meu pai foi um péssimo marido e um péssimo pai. Acabou com tudo que tínhamos, traiu minha mãe nos expondo a um escândalo sem precedentes, saiu de casa e dois anos depois....morreu.Ele desestruturou toda a nossa família e deixou marcas que até hoje não sairam. Não fui ao seu velório, nem ao seu enterro por que estávamos morando em outra cidade, mas não senti nada ao saber da notícia e durante muitos anos sua morte era abstrata para mim. Ele não era obrigado a ficar num casamento infeliz e tinha o direito de refazer sua vida, mas a maneira que ele escolheu para fazer isso foi cruel.
Minha mãe já o perdoou e até hoje tenta falar apenas dos tempos bons em que ele ainda não tinha mudado, mas eu simplesmente não consigo me lembrar desse tempo. Apenas consigo lembra dos tempos ruins, das humilhações do escândalo e de ter que sair da minha cidade, me afastar dos meus familiares para recomeçar a vida.
A minha maior frustração é ele ter morrido antes de podermos ter uma conversa franca e eu desabafar para ele toda a minha dor e revolta. Acredito que talvez depois dessa conversa, talvez eu o perdoasse, mas como isso não aconteceu se eu dissesse que o perdôo estaria mentindo.
Hoje sou espírita e estou tentando me tornar uma pessoa melhor, mas acho que a grande dificuldade que tenho para perdoar meu pai é por que ele supostamente teria que me proteger, ensinar-me um monte de coisas, ser meu ídolo e ele fez exatamente tudo ao contrário.
Quem sabe um dia, talvez em outra encarnação, a gente se encontre e eu consiga lhe perdoar. Quem sabe né?