É o que faço de melhor
Trabalhar a minha loucura não é o melhor que faço. Ter medo do próprio medo é o que mais me desespera. O que devo conversar comigo mesmo sobre isso? Ter medo é algo natural, mas medo do seu próprio medo penso que não. Quando viajo dentro da minha loucura e tento não o observar no meio daquele emaranhado de pensamentos loucos o medo é justamente o que mais me sobe. Tento disfarçar, mas ele aparece simultaneamente com outros pensamentos como a morte de entes queridos ou mesmo a minha. É isto que não consigo compreender, para Kurt Cobain todas as manhãs pareciam as mesmas de domingo. Manhãs de domingo não dão medo, mas te dizem algo sobre o medo do silêncio e da solidão. Para ele o mundo se tornara um eterno silêncio quebrado pelos badalos do sino de uma Igreja. Ainda é dele a frase: medo do seu próprio medo. Os domingos interioranos são bucólicos amanhecem tristes dando a impressão que os mortos estão pela cidade saldando o seu grande dia. Agora sei que o silêncio de uma cidade iluminada pelos raios solares de uma manhã de domingo, também me perturbam e me desvia de uma lucidez momentânea e me faz sentir medo do meu próprio medo. Tento resolver essa transfusão de sentimento ouvindo vozes internas que me dizem para fazer algo rápido, para que, esse meu medo do silêncio não tome por um todo e me derrube num choro intenso. Hoje chamam de depressão, mas décadas atrás estaria prestes a embarcar para a “cidade dos loucos” sanatório de Barbacena. É o medo que em ti dá medo ou a lucidez que em algumas vezes se veste de loucura e te faz refém do seu próprio medo? Ter lucidez sobre a sua forma de encarar o mundo é não ter medo do seu próprio medo. Porém, se algo lhe dá medo é a sua lucidez que tu tens do medo que está ameaçada pela sua loucura. Caminho pela vida tentando me esquivar da minha lucidez e todos os dias digo a mim mesmo: que comece mais um dia dessa loucura do mundo em que vivo, isso me faz enganar a mim mesmo em que viver na loucura da minha lucidez é minha sobrevivência.