Fugir ou Lutar.

A Vida Como Ela É.

Você, um brasileiro, guerreiro, trabalhador, paga seus impostos, cuida de sua família, sempre buscando uma vida melhor. Você, que carrega certa descrença, no futuro do país, em face dos políticos que temos, provavelmente já se perguntou. Teria sido melhor ter nascido em outro país? Não raramente eu ouço alguém expressar tal sentimento. De tanto ouvir, comecei a me questionar acerca do assunto. Não quero aqui ferir o seu amor pelo Brasil. Longe de mim, também sou brasileiro, “não desisto nunca...” Mas imagino que você, como eu, já pensou sobre a razão de termos a maior concentração de políticos desonestos, escândalos e roubalheiras, por metro quadrado, no mundo! Sim, leitores, o único órgão, público ou privado, que não tem escândalo, no Brasil, é aquele que ainda não foi investigado. Se procurar, acha, pois a “cada enxadada, uma minhoca”, esse é o nosso lema.

Assim, cansado dessas intermináveis sessões de pizzas, talvez o amigo já tenha considerado uma mudança de país. Uma mudança temporáia, claro. Apenas para esperar a poeira baixar, mantendo, obviamente, sua condição de brasileiro. Esclareço que, não quero aqui deflagrar nenhum movimento de emigração para o exterior, até porque ainda não achei um destino adequado. Andei olhando algumas opções, e confesso, não me entusiasmei com nenhuma. Vejamos:

Canadá – O país é uma beleza. Cada paisagem é um cartão postal. Montanhas cobertas de neves, lagos tão azuis quanto o céu, bisões, ursos, lobos, patos e alces, tudo de bom. O clima, contudo, não me agrada. Temperatura de 25 graus negativos, em algumas regiões, é o bastante para me fazer desistir.

Estados Unidos – Tudo funciona, as instituições, o governo, cada funcionário público sabe quem lhe paga o salário. O judiciário, então, é um exemplo para todo mundo. Mas, sabe como é, eficiência demais, às vezes incomoda. Você pode ser abordado pela polícia até pela fumaça do seu churrasco. Se algum vizinho reclamar, você receberá uma visita dos homens da lei. Muito regulamentado, para um brasileiro.

França – Paris, cidade luz. Berço da cultura, da arte, das revoluções. Como esquecer o famoso slogan: Liberté, Egalité, Fraternité? Tudo isso, e você não pode nem comemorar com um abraço. Eles detestam contato físico com estranhos. Então, nada de ficar tocando, abraçando, distribuindo tapinhas nas costas. No Brasil, um abraço resolve muita coisa, lá dá início a uma série de problemas. Não sei se vou me adaptar.

Inglaterra – Não fosse a mania dos ingleses pela pontualidade, a Inglaterra até teria alguma chance. Se bem que não me agrada ver, a família real, posando de autoridade que governa o país. Aqui não temos monarquia, mas percebo certa semelhança. Vivendo às custas da nação e fingindo que estão resolvendo nossos problemas, me parece algo familiar. Estou em dúvida.

Argentina – Um belo país, Terra do Fogo, o destino turístico dos meus sonhos. Um país pequeno, com um povo politizado, alfabetizado, tinha tudo para dar certo. Mas lá, como cá, quem complica o meio de campo são os políticos. Não estaria longe o bastante e tem muita coisa parecida.

Chile – Que país bonito, ao longo da Cordilheira dos Andes. Olhando o mapa, pensamos que bastaria o governo fazer uma só estrada e a malha viária estaria pronta. O país é bom, tem clima de todo jeito. Não fossem os terremotos...

China – A nova economia do mundo. O comunismo capitalista. Mantém-se a essência da centralização política com a economia do mercado. Sabe o cruzamento de jumento com vaca? A cria não dá leite nem puxa carroça. Ainda é uma incógnita. Também não sou muito fã da proteína animal consumida lá...

Japão – Tenho muita simpatia. Japonês tem fama de trabalhar em silêncio. Não é dado a muita festa, mas sempre faz sua parte. Parece o contrário do brasileiro. Não sei se me adaptaria ao gelo social. Dizem que os japoneses já estão abdicando do sexo, pois não gostam de muito envolvimento. Pode ser uma opção, para a terceira idade.

Grécia – Gosto daqueles nomes compridos, Papadopoulos, Geandropoulos, e por aí vai. Mas o país é o Brasil da Europa. Gastaram tudo que tinham, arruinaram o país, agora vivem fingindo que querem sair da União Européia, enquanto os demais países, que estão fora, vendem a alma para entrar. Se não quiser ter muitas saudades do Brasil, pode ser uma opção.

Ainda tem muitos países, mas não gostaria de deixar este texto muito longo. Então proponho uma solução, que nos permitirá permanecer aqui, no Brasil, e passar a ter alguma responsabilidade pelo futuro de nossa nação. O que vou propor não tem nada a ver com o governo atual. Não vou fazer propaganda política de ninguém, nem oferecer uma solução fácil para um problema difícil. Esse negócio de esquerda, direita é tudo irrelevante, na minha maneira de ver. Cada político que se candidata, seja de esquerda, direito ou do centro, sempre vai prometer o que não pode entregar. Faz parte da paisagem. Assim como você, que finge acreditar e depois se diz decepcionado. A minha sugestão passa longe de ideologias, de discursos ou de pessoas. É um método de longo prazo, mas de resultado perceptível.

A cada eleição, vote na oposição. É simples assim. Se a cada eleição você trocar o governante de plantão, o processo político terá um amadurecimento acelerado. Chama-se alternância de poder. Sempre que um político é sucedido por um adversário, espera-se muita denúncia de irregularidades, quando se realiza uma varredura e toda administração anterior é passada a limpo. Ao denunciar, o novo governante, mesmo que não queira, se compromete a fazer um pouco de diferente, um pouco melhor. Esse pequeno detalhe é a essência da ideia. Na próxima eleição troque de novo o governante. Sucessivamente. Este pequeno salto de qualidade, ao longo do tempo, representará uma evolução passível de ser percebida. Ao contrário de hoje, quando temos a impressão de que nada, em tempo algum, vai mudar. Reconduzir políticos, que se perpetuam no poder, ou seguir suas recomendações de voto, nos transforma em simples serviçais das capitanias hereditárias, triste período colonial onde a sucessão de poder era coisa de pai para filho.

Você continuará um simples eleitor, como hoje, mas com uma arma diferenciada na mão. Um voto com objetivo específico. Faça valer esta poderosa ferramenta. Deixar de votar e anular voto são a mesma coisa de não fazer nada. Omissão é como jogar pedra no céu, ou seja, para cima. Ela sempre volta. E você ainda pode ser ferido. Omitindo-se, no voto, você acha que está fazendo alguma coisa? Com a palavra a justiça eleitoral:

“Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo de lugares a preencher... (Código Eleitoral, art. 106).”

O que isso significa? Que seu voto nulo, não serve nem para compor o “quociente eleitoral”, utilizado para preencher os cargos proporcionais. E os cargos majoritários? Ora, seu voto nulo também será desprezado. Ele não é a favor, nem contra, pelo contrário... Somente permite que aquele que obteve mais votos seja eleito, mesmo que seja um candidato ruim, e você não poderá falar nada, afinal se omitiu. Mas essa teoria é, praticamente, impossível, de aplicar. Como convencer milhões de eleitores? Concordo plenamente, e compartilho de seu pessimismo. Na verdade eu não quero convencer ninguém. Esta foi só a maneira que encontrei de, mesmo vivendo no Brasil, conservar um pouco de esperança num país melhor. Eu sei que estamos fadados a vivermos muitos anos, talvez séculos, neste atual jogo rasteiro de disputa de poder, até que o amadurecimento político possa trazer algum beneficio para nossa nação. Enquanto isso, estou apenas fazendo a minha parte. Carlos (03/05/2015). Até a próxima.

Pequiboy
Enviado por Pequiboy em 04/05/2015
Código do texto: T5229929
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