AULAS DE QUÍMICA

O texto a seguir foi extraído de “Crônicas da Vida Inteira”, livro inédito sobre fatos da minha vida, adaptado para o Recanto das Letras.

AULAS DE QUÍMICA

Estávamos na primeira série do ensino médio, como é chamado hoje o ciclo de três anos que sucedem ao ensino fundamental de oito anos. A partir daí o ensino de Ciências Naturais se ramificou, como ainda hoje acontece, em três disciplinas distintas: Química, Física e Biologia, cada uma com seu professor específico.

As aulas de Biologia e de Física, embora difíceis, não apresentaram dificuldade no aprendizado a nenhum de nós. Mas a Química!... As primeiras aulas foram um deus-nos-acuda. O professor, novato na matéria, enrolava-se todo, coçava a cabeça, e acabávamos não entendendo patavinas de suas explicações.

Numa delas, o assunto era sobre os processos de purificação das substâncias ou separação dos componentes de misturas homogêneas e heterogêneas. As palavras-chave eram: fusão, solidificação, liquefação, destilação, ebulição, condensação, peneiração, filtração, vaporização e não sei mais quantos -ões.

O pobre professor, num esforço sobre-humano, explicava o que ele próprio não entendia e, lá pelas tantas, mais enrolado que charuto, ele concluiu vitorioso um dos processos.

— ... e finalmente, com fusão se obtém a separação... — arrematou.

— É uma confusão mesmo, né, padre — interrompeu-o o Zezinho com seu sorriso de gozador.

— Rua, seu desaforado!

E o Zezinho foi expulso da aula mais uma vez.

Convite: Se você gostou desta minha crônica, do meu estilo de narração, leia as anteriores, mas em ordem cronológica, começando pelas primeiras que foram postadas.