Uma xicrinha de açúcar
Minha mãe me ensinou que, se eu não tiver os ingredientes para fazer uma receita, seja um bolo ou um angu, tenho que deixar de fazer, ou mudar a receita. Vou mudar um pouco esse ensinamento, se faltar só um ingrediente, posso, sim, ir à vizinha com minha xícara e pedir um pouquinho do que falta.
Já fui algumas vezes a alguma vizinha pedir um ingrediente, um só, o que faltou para minha receita. Chegando com minha xicrinha, bati à porta e, ao ser atendida, fui tão bem recebida que me senti em casa para voltar mais vezes (risos)!
Já aconteceu de, ao fazer o pedido à vizinha, ser recebida por olhos marejados de lágrimas recentes, olhares carentes de um sorriso ou um conselho, um carinho de alguém próximo. O que não estava programado, nada planejado; foi o acaso?
Seria, talvez, essa xicrinha, um motivo de contato mais próximo, uma desculpa para sentar e conversar, ouvir e ser ouvida, acolher e ser acolhida. Essa xícara consoladora, que serviria para completar uma receita, transforma-se em uma forma de união e troca de palavras de carinho.
Uma xicrinha de açúcar, de fubá, de calor, de amor. É o que podemos levar ao próximo para que tenhamos esse contato mais íntimo com quem convivemos e às vezes nem vemos na correria do dia a dia.
Portanto, vizinhas minhas, não se importem de bater à minha porta quando precisarem, pois não vou pensar duas vezes quando estiver faltando um ingrediente ou um carinho na minha receita de bem viver!