Uma Crônica a Muriel:

Amor mais que incondicional

 
Nunca havia parado para debulhar a sensação de ser avô. Confesso sentir diferença daquelas sensações de três décadas atrás, quando me tornei pai.
 
Como avô me sinto um espectador da chegada de alguém que é muito esperado. De uma pequena pessoa que atinge a gente, embora ainda esteja morando provisoriamente no ventre de sua mãe.
 
Sonho com o dia e a hora em que ela vai dar-nos a honra de sua presença e o conforto em estar junto a nós.
 
O amor que eu sinto a este ser que é minha neta, ainda vivendo em seu primeiro lar, o uterino, é proporcional a minha capacidade de amar, em total despretensão em relação ao amor filial.
 
É engraçado como me sinto talhado para recebe-la, protege-la e deixar que o tempo encarregue-se do resto. Não que eu não estivesse preparado para ser pai, porém, hoje percebo que sobre os filhos depositei um elevado peso com relação ao futuro deles.
 
A leveza de ser avô me encanta, me propicia forças para ajudar minha neta a dar os seus primeiros passos, as suas primeiras palavras, seus primeiros sorrisos e também aos seus primeiros choros.
 
Que venha a já tão querida neta Muriel, não se espante se o vô chorar, será uma bela, porém singela, maneira de lhe dizer: meu amor por você também vai ser mais que incondicional.
 
Rio, 18/04/2015
Feitosa dos Santos