"VEM, VAMOS EMBORA" (APOIAR A DEMOCRACIA?)
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Na passeata em 24 Estados e vários municípios do Brasil, 33% protestando contra a corrupção e 11% pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, percebi pessoas descontentes, mas “caminhando e cantando e seguindo a canção”, Fora Dilma, como fala na letra da música “Pra não Dizer que não falei de Flores”, do compositor e cantor Geraldo Vandré, terceira colocada em festival de música no Maracanazinho, em 69 mas, censurada pelos militares, tornou-se a música de protesto mais cantada em manifestações de jovens que protestavam contra a Ditadura de 69. O cantor foi vaiado e aplaudido durante o festival. Só que agora, na manifestação democrático que jamais seria permitida em um regime de exceção, gritavam “Fora Dilma”, “Fora Dilma” e alguns empunhavam faixas pedindo mais uma vez a intervenção militar no Brasil.
Esse tipo de manifestação só ocorrera no Brasil, no início da abertura política do Governo Figueiredo, durante as manifestações de apoio as “Diretas Já!”, projeto de autoria do deputado federal falecido, Dante de Oliveira, quando milhares se reuniram no Vale do Anhangabaú, em SP, cantaram o hino nacional e a música de Geraldo Vandré, para marcar posição. Depois, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral, tendo como vice José Sarney, pondo fim ao regime militar. O presidente Tancredo Neves não assumiu e ficou em seu lugar José Sarney e o resto é história de pacotes, aumentos de preços, promessas e a inflação subindo tipo balão de gás até atingir mais de 900% no último ano do Governo! As manifestações em todo o país eram sempre vigiados por agentes do Exército e da Polícia Federal, que se infiltravam e se disfarçavam no meio da multidão.
Na passeata contra Dilma Rousseff, tinham muitos jovens das “escolas (…), campos, construções, caminhando e cantando e seguindo canção” “Fora Dilma! Fora Dilma!” Mas será que alguma das pessoas que participava da manifestação do dia 12 e pedia a volta da ditadura militar, vivera o período da Ditadura Militar, regime de exceção que jamais permitiria manifestação pacífica, ordeira, democrática, sem incidentes ou vandalismo, como ocorreu no Governo Dilma? Alguns, talvez sim! A maioria de jovens, não! Ainda não tinham nascido nesse duro e negro período de nossa história recente. Como aposentado por invalidez e com reajuste abaixo de todos os outros reajustes concedidos, não tenho motivos e nem razões para defender o Governo Dilma Rousseff. Mas não penso pelo meu lado individual de aposentado, mas no coletivo porque não moro sozinho no mundo e nem no Brasil. Meu partido é o da democracia! O Governo do PT com Dilma Rousseff está ruim? Está sim! Mas só se concerta o que está ruim com mais democracia e não com Ditadura Militar!
Os manifestantes têm razão em querer o impeachment de Dilma Rousseff. Juridicamente, porém, não existe processo contra a presidente até agora, como existia contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello, em período bem recente de nossa história política, que sofreu impeachment, perdeu direitos políticos por sete anos e hoje é senador por Alagoas, pelo voto do povo. Com respeito e responsabilidade, dentro do Regime Democrático, pode-se dizer o que quiser, pedir o que achar que tem direito, reivindicar, mas lembro que historicamente, em todo processo de ruptura constitucional no mundo, o povo é sempre usado como “bucha de canhão” e, ao final, sempre fica descartado pelos líderes oportunistas que assumem o poder! Como se fosse um profeta da história, a música de Geraldo Vandré, terceiro colocada no Festival de Música tornou-se um hino de protesto contra o Governo Militar porque dentre suas várias estrofes, uma dizia “esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer”.
Seria a hora de tirar uma presidente eleita democraticamente e trocá-la, por uma ditadura militar? Não, porque ainda existem “pelos campos há fome, em grandes plantações/ Pelas ruas marchando/ Indecisos cordões/ Ainda fazem da flor/Seu mais forte refrão/ E acreditam nas flores/ Vencendo o canhão/ Vem, vamos embora”, apoiar a Democracia, com quem quer que venha a ser o próximo presidente da República. Vamos apoiar a Democracia e fazer reforma política, acabando com as coligações partidárias, apoiando o financiamento público e não privado de campanha, reduzindo o valor das atuais campanhas milionárias em todos os níveis, reduzindo o número de ministérios, os tributos, reformando a Justiça em todos os níveis. Tudo isso pode ser feito dentro da Democracia, não precisando de Ditadura Militar para impor ordem na casa. Admito, aceito e não contesto que o PT e o Governo Dilma Rousseff se desgastaram muito em 100 dias de mandato.
Ah, mais uma coisa: vamos acabar com a releição porque hoje no Brasil de inúmeros partidos, todos se resumem a somente dois: o que está governando e combate a corrupção herdada de outros governos e todos os outros que querem chegar ao poder para talvez continuarem sendo corruptos e encontrando outras formas de fraudar que não sejam através das contas CC5 do Banestado na reeleição de FHC e nem do Mensalão ou dos contratos superfaturados da Petrobras. Vamos pensar nisso em vez de ficar marcando nas ruas sem saber o motivo e fazendo abaixo-assinado para pedir a renúncia de Dilma Rousseff. Sabem quando a presidente renunciará? Nunca! A popularidade dela ainda cairá mais ainda porque como disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “tenho certeza que o segundo mandato da companheira Dilma, será melhor que o meu” ou como disse o ex-prefeito Paulo Salin Maluff ao indicar Celso Pitta para ser seu sucessor: “se Pitta não fizer uma administração melhor do que a minha, não me reelejam mais a nada” e continuou se candidatando e sendo eleito deputado federal por São Paulo!