Guerra dos Sexos II - DR
DR
A DR, além de ser as iniciais de “Discutir a Relação”, é um evento surgido a partir do universo feminino. Os homens, escaldados pelas reuniões anteriores, fogem de uma DR como o diabo foge da cruz. Mas as mulheres adoram “presidir” esses momentos. Dotada de um cérebro privilegiado, talhado para esses eventos, a mulher está em seu elemento. Ela transita entre vários assuntos com a leveza de uma atleta de ginástica olímpica. Não temos a menor chance. A nossa melhor estratégia é o boicote da DR.
Contudo, boicotar uma DR, para nós homens, acaba sendo um tiro no pé. Os assuntos não resolvidos são, automaticamente, adicionados na próxima DR. A explicação está na diferença da mecânica cerebral entre nós e as mulheres. Elas utilizam um sistema de processo parecido com o vídeo digital. Tudo é gravado e arquivado digitalmente e, quando necessário, as imagens animadas surgem instantaneamente. Já o homem trabalha com o velho sistema analógico. Captamos uma imagem de cada vez e, se precisarmos daquela imagem, temos que esperar a revelação, que leva vários dias. É um crime o que a natureza fez conosco. De nada adianta ter força muscular, agilidade e raciocínio lógico. Se tudo isso é útil na fase de conquista de uma mulher, depois serve apenas para nos tornarmos uma extensão da personalidade dela. “Amor, pega aquela lata lá em cima do armário”. E lá vamos nós, pobres criaturas descerebradas, cumprir nossa sina.
Dessa forma, numa DR clássica, a mulher lida com todos os assuntos com a maior facilidade, enquanto os homens pouco falam, tentando fazer parecer o seu silêncio como evidência de entendimento do problema. A final da sessão as mulheres, invariavelmente, saem da reunião com um ligeiro sorriso nos lábios, enquanto os homens estão contabilizando o prejuízo. Dinheiro, espaço e liberdade são alguns dos itens perdidos, ou tudo junto, quando a patroa consegue “aprovar” todo o pacote de “maldades”.
Além dos assuntos passíveis de discussão numa DR, as mulheres também guardam na memória todo e qualquer evento, por mais banal que seja, para ponderações futuras. Geralmente a noite, deitar, o homem é surpreendido com expressões repentinas:
- O que foi aquilo? – A mulher pergunta. O homem não faz a menor ideia do que ela está falando. Ela insiste.
- Lá na rua 3, você atravessou, olhando fixamente, aquela lambisgóia até o outro lado da rua! – Com muito custo o homem se lembra.
- Mas aquilo não foi intencional, ela estava usando uma roupa colorida, acabei olhando sem querer – Tenta desconversar.
- Anham! Sei! – Com estas duas palavras ela está dizendo que o troco virá. Aguarde e coloque um rim à venda. A vingança pode custar caro.
Apesar de tudo, poucos homens aceitam ficar sozinhos. A companhia feminina é agradável, alegre, necessária. Elas são agentes de reciclagem da natureza, com sua permanente disposição para mudanças. São excelentes dissipadoras de riquezas. Experimente deixá-la num shopping center com um cartão de crédito. Tem mania de perfeição, sempre melhorando seu meio ambiente. Sabem escolher roupas para toda a família. Com sua lucidez, credibilidade e bom senso, resolvem a maioria dos problemas em que os homens são ineficazes. São, na média, pessoas muito melhores que qualquer espécime masculino.