TÍTULOS, quem precisa de doutor, mestre, professor, poeta, escritor etc?
 
Títulos. Título por título. Precisa-se de título para se sentir ser. Tudo por título. De onde vem esta mania de titular, de prenomear, de rotular?
 
Na monarquia os “filhos de alguém” – fidalgos - herdavam títulos por suas posições sociais: podiam não ter dinheiro, mas se gloriavam de sua nobreza expressa nos títulos que lhes davam a distinção social. Se não herdavam, guerreavam por isto: Barões, Condes, Marqueses, Príncipes e Reis. A dinastia se fazia.
Por outro lado, podia acumular recursos financeiros, mas mais que dinheiro o prestígio se fazia pela fidalguia: ter um título antes da individualização dada pelo nome próprio.
O Império passou. A necessidade de se mostrar alguém permaneceu inculcada no inconsciente coletivo.
 
Por isto bacharéis fazem questão de seus pressupostos “Dr” e tudo que lhes acompanham por direito: excelência, ilustríssimo e aí vai por toda nomenclatura possível, pedante e bajuladora – pior são os “desletratos” que lhes chamam oralmente de “adevogados”.
 
Pior ainda é a situação que se vê nas redes sociais que por falta de “Dr” e “Ms”, os simples licenciados colocam na frente de seus nomes próprios o “Professor Fulano” ou “Professora Sicrana” para se identificarem e poder ser. Como foto de perfil eles se apresentam com óculos e assentados a mesa com livros empilhados. E ainda há aqueles que antecedem seus substantivos  próprios adjetivando o “Poeta ou Poetisa Beltrano”.  Estereótipos e arquétipos. Vaidade! Tudo é vaidade – ou insegurança ou necessidade de enobrecimento ou reconhecimento.
 
Títulos! Por quê? Inquieto-me.
Esta inquietação tornou-se maior ao passar por um edifício e em sua entrada estar escrito em letras garrafais: “Edifício Viúva Tal”.
Por que não colocaram apenas o nome da cidadã homenageada? Implicância ou não, vejam só, a necessidade do título chegou a requerer o estado civil da pessoa. Vai que esta moda pega e por falta de diploma ou de arte ou de graça começam por aí a se identificarem por Solteiro Zé Ninguém, Casado Feliz com Maria! ! !
 
Bonito não é o título. É ser cidadão tão marcante que o próprio nome ou alcunha se torna referência.  Por exemplo: quem é que  não  tem memória de Isabelinha, Mané Capão, Botina e assim é - para só citar figuras lendárias  do município. Não tiveram títulos para lhes ilustrar os nomes, mas suas essências bastaram para lhes dar identidade.
 
Mestre?  “Mestre é aquele que de repente aprende” e por isto tem sua maestria por viver. Quem é sabe o que é e não precisa da muleta de pré-nomes! Bastam-lhes as atitudes para referendarem e dignificarem o nome próprio.


Simplesmente se é!


Leonardo Lisbôa
Barbacena, 26/12/2013.
 
Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 11/04/2015
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