CRÔNICA DE JOÃO PESSOA NO "BOLERO DE RAVEL", AO POR DO SOL

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Do bar e restaurante “Maria Bonita”, assisti ao tranquilo por de sol na Lagoa do Jacaré, encontro do Rio Sanhauá com o mar. O sol derretendo na água e o som da música “Bolero”, sendo executada pelo pelo músico de Livramento, no Cariri Paraibano, Jurandy do Sax, vestido todo de branco dentro de uma canoa, movimentada por um timoneiro à popa para todos os lados, feito um caracol e se permitindo ver pelos milhares de turistas como eu. Dentro do bar o da música ecoava magistralmente como se fosse uma “marselhesa”, com um cadenciamento perfeito e constante. A música “Bolero” se tornou mundialmente conhecido com o “Bolero de Ravel”, pelo mundo afora, em homenagem ao nome do compositor. No CD que adquiri e recebi o autógrafo do artista, está escrito: “Na Praia do Jacaré ou em Paris, Jurandy do Sax cumpre sua missão tocando diariamente o Bolero de Ravel em momentos do pôr do sol”. Após da primeira apresentação no início do por de sol, há uma outra, as 18 horas, com saxofonista executando “Ave-Maria”, do compositor alemão Shubert, para delírio dos presentes.

Joseph-Maurice Ravel, nascera em Ciboure, em 1875 e falecera em dezembro de 1937, em Paris. Ficou mundialmente reconhecido pelo seu “Bolero”, ainda hoje a obra musical francesa mais tocada no mundo. Conforme descreve a Enciclopédia Wikipédia, a música fora encomendada pela bailarina Rubinstein e estreou na “Opera de Paris”, em 1928, fazendo um grande sucesso. Ficou conhecido pela sutileza de suas melodias instrumentais e orquestra, considerava a composição como uma música trivial e chegou a descrevê-la como apenas “uma peça para orquestra sem música”.

Com o CD na mão para receber o autógrafo do músico em sua loja, caminhei em baixo de na chuva fina em João Pessoa, porque sou vacinado contra gripe. Enquanto caminhava por entre várias barracas visitadas por turistas até chegar à do artista, fiquei pensando no que os municípios do Rio Negro estão perdendo por não conseguir fazer algo parecido, aproveitando o por de sol, descrito pelos turistas como um dos mais bonitos já presenciados, unindo-o à beleza exuberante da floresta ainda quase intocada. Ao chegar a loja, comentei o que pensava com Jurandy do Sax e ele me garantiu que iria a qualquer lugar apresentar seu espetáculo sempre quando o sol começa a beijar a água, mesmo ser ferver nada e nem borbulhar, como imaginava que ocorria quando corria livre pelo Varre-Vento e me encantava sempre que o sol começa a engolir o rio. Ou seria o rio engolindo o sol? .

Despertei de meu delírio infantil e pensei em quanto os municípios do Rio Negro poderiam receber de turistas por ano, se houvesse um mínimo de vontade política e união de esforços para que isso viesse a acontecer, como já existem consolidados o Festival de Parintins, A Ciranda de Manacapuru, A Festa da Laranja em Rio Preto da Eva, a Festa do Cupuaçu, em Presidente Figueiredo e a Festa do Guaraná, em Maués, entre outras!

Molhado, consegui receber o autógrafo do ex-militar da PM José Jurandy Santos, o Jurandy do Sax é um “Cidadão Pessoense”, título que lhe foi outorgado pela Câmara Municipal de João Pessoa, pelos relevantes serviços prestados à cultura de João Pessoa. Depois que deu baixa da PM, o segundo Sargento integrante da Banda de Música da Corporação, integrou a Orquestra de Frevos do Maestro Viló e gravou seus primeiros seis Lps e agora diversos CDs. (http://jurandydosax.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=3&Itemid=13). Também tocou na Orquestra de Frevos de Pernambuco. Aos cinco anos começou a demonstrar fascínio pela música instrumental, se apresentou no Clube Cabo Branco, em João Pessoa, dividiu palco com a Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, mas isso é história que encontrei no link do músico e todos podem conhecer mais, inclusive seu casamento aos 18 anos e sua entrada para a força policial do seu Estado, os filhos que teve e muitas outras informações. Na verdade, o que desejo descrever é ao grandioso espetáculo em que se transformou o por de sol no Lago do Jacaré, com o músico deslizando em pé em uma canoa, com seu cabelo grande ao vento, tocando seu instrumento de sopro.

Depois, retorna para tocar no sax a “Ave-Maria”, música composta por Franz Shubert, em 1825, do poema épico popular de Walter Scott, “A Dama do Lago”, dentro de uma canoa iluminada, mais uma vez todo vestido de branco, em novo espetáculo mágico e cheio de simbologia para delírio dos presentes. Se houvesse interesse político, também municípios do Rio Negro poderiam transformar a natureza exuberante que Deus os presenteou e ganhar dinheiro com turismo.. Isso ocorreu no passado quando hotéis, companhias aéreas, Governo do Estado, Prefeitura, Associação dos Impostadores da ZFM, ACA e outros seguimentos do mercado se uniram e decidiram trazer turistas para o Amazonas, no início do Governo Collor, quando as importações foram permitidas para todo o Brasil e o comércio da Zona Franca perdeu a sua importância.

Por que não pensar de novo no assunto, agora se voltando para criar um outro nicho de turismo para a Região, talvez em alguns dos vários hotéis de selva instalados na orla do Rio Negro? Mesmo que não seja importando a atração de Jurandy do Sax, por ser onerosa demais, mas criando sua própria forma de fazer cultura!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 06/03/2015
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