PARA QUE SERVIRAM OS 48 ANOS DO MODELO ZFM?

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O modelo de desenvolvimento Zona Franca de Manaus completou no dia 28 de fevereiro, seus 48 anos de vida. Mas, além de manter a Floresta Amazônica intocada em torno de 90% como afirma o Governo, enriquecer os empresários, favelizar a cidade de Manaus com invasões de toda ordem, para que mais serviram essa longa vida, que fora por diversas vezes, se o homem do interior, os ribeirinhos, que defendem a mata como se fosse sua própria vida, não podem explorá-la e nem viver dela?

A ZFM, implantada a partir de projeto original aprovado pelo deputado federal pelo Amazonas, Francisco Pereira da Silva, só fora implantado 10 depois pelo presidente miliar cearense Humberto de Alencar Castello Branco, ladeado pelos seus ministros João Gonçalves de Souza, Octáio Bulhões e seu Roberto de Oliveira Campos, por existir no Amazonas uma mão de obra farta e barata e com medo da vitoriosa guerrilha em Cuba, liderada por Fidel Castro. Ela seria uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia, um centro industrial, comercial e agropecuário, dotado de condições econômicas “que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram dos centros consumidores de seus produtos” como está no decreto original de criação. Caberia ao Poder Executivo demarcar, à margem esquerda dos rios Negro e Amazonas, uma “área continua com uma superfície mínima de dez mil metros quadrados, incluindo a cidade de Manaus e ”seus arredores”, na qual se instalará a Zona Franca”. Infelizmente, os arredores de Manaus continuam pobres e esquecidos porque até hoje, o único governador que teve a coragem de pensar no homem do interior foi o falecido José Lindoso, com seu Secretário de Fazenda Ozias Monteiro.

Muitas ideias, projetos, e promessas foram feitas em outros governos para desenvolver os municípios, como as sete zonas de desenvolvimento anunciadas no primeiro governo de Amazonino Mendes, depois o estranho projeto Terceiro Ciclo, também no seu segundo governo. Chamo de “estranho” o “terceiro ciclo” porque o Amazonas só teve um ciclo de desenvolvimento natural, o da borracha, explorado por ingleses, alemães e outros povos. O modelo Zona Franca não poderia ser considerado de desenvolvimento, porque fora resultado de uma ação política, quase forçada, para não dizer que foi resultado de causas externas para proteger a Amazônia do medo da Revolução Cubana se estender pela América Central e atingir o Amazonas!

Pergunto-me todos os dias para que serviram os 48 anos de riqueza produzido pelo modelo Zona Franca, sempre que percebo a pobreza que vive miseravelmente em seu entorno, sem quase nada poder usufruir do que é produzido, além de receberem os baixos salários pagos pelos que pisam no chão das fábricas todos os dias, tendo horários cronometrados até para se dirigirem ao banheiro! Noa municípios, pior ainda, porque o modelo de desenvolvimento que Manaus possui não conseguiu chegar até hoje nesses locais porque não existe vontade política de levá-lo para suprir a carência que enfrentam em que vivem as famílias!

É triste, mas é real! Manter a floresta em pé, como sempre alega os Governos Federal e Estadual à custa da miséria de muitos, é pior do que a própria miséria. Riqueza é aquela que se distribui igualmente. Não de forma localizada, segregada, como se fosse um feudo ou um gueto! Riqueza é aquela a que todos podem fazer uso, mesmo que seja em forma de benefícios sociais em saúde, educação, habitação, saneamento básico, investimentos promovidos pelas próprias indústrias, destinando percentuais de seus faturamentos e os direcionando a esses locais, adquirindo equipamentos necessários.

Dirão que estou delirando, por certo, mas não consigo ver além de estrondosos lucros às indústrias em detrimento da miséria que vive em seu entorno. Dirão que estou delirando porque políticos lutam junto ao Governo Federal para manter um modelo de desenvolvimento localizado e que não atinge a todos! Dirão que estou ficando louco porque defendo a criação de um Fundo Social para investimentos! Dirão que estou sonhando! Aceito tudo isso, porque posso estar errado – afinal ninguém é perfeito!

Ao ver a floresta em pé, me dá medo porque não foram criados modelos de desenvolvimento sustentável para que ela continue em pé e o homem ribeirinho podendo explorá-la sem desmatá-la, aproveitando o que de melhor existe nela, de forma sustentável. Também não ouço falar em investimentos para explorar todo o seu potencial de biodiversidade pujante e cobiçada por países estrangeiros, sobretudo devido a abundância de água doce. Não ouço ninguém, além do ex-senador Evandro Carreira, no final dos anos 70, defendendo com veemência o aproveitamento de suas várzeas, por serem ricas em nutrientes!

Afinal, para que serviram mais os 48 anos de vida do modelo de desenvolvimento Zona Franca de Manaus?

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 01/03/2015
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