IN RIO
Quem passar pela Av. Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, verá meia pista liberada para os ônibus, até aí tudo bem, mais uma obra para melhorar a mobilidade nos próximos eventos e para nós cariocas que vamos usar eternamente, mas não é sobre isso que estou aqui, quero direcionar o seu olhar para aquele espaço que está expondo o quê tem dentro do Rio, é como se fosse um paciente sendo operado, com suas entranhas a mostra, a maioria das pessoas passam e nem percebem que ali está uma relíquia em História, se olharmos bem, veremos como é a terra que nunca vemos por causa do asfalto que cobre tudo, é uma terra de cor variada, uma hora vermelha, barro, então podemos imaginar aquele lugar sendo pisado pelos índios, depois pelos portugueses, pelas carruagem que atolaram em dias de chuva, dos escravos caminhando com seu olhar triste sem nenhuma perspectiva de um futuro livre, os nobres sujando suas roupas europeias, morrendo de calor mas não querendo perder a pose, os negros de ganho, que passavam para vender suas coisas e entregar os lucros para so seus amos, dos blocos de frevo, das grandes sociedades, escolas de samba, gente gritando contra a ditadura, tomando porrada dos policiais da repressão, gente que pisou ali e sumiu para sempre ao ser preso em manifestações.
Que cenário rico de fatos históricos, tudo isso pode ser visto como num filme ao ver aqueles buracos na terra.
Caminhando um pouquinho vemos um outro tipo de solo, já não é mais barro agora é areia da praia, mas areia velha, com suas conchinhas brancas quebradas, como chegou? Será que o mar vinha até aquele ponto? Será que apenas usaram como aterro? na verdade nunca saberemos, também não faz muita diferença, o quê importa e vermos que nesse teatro da vida aquele cenário é um dos mais importantes da história desse país, pisar nele também nos faz parte integrante dessa história, que bom que em um tempo melhor, já ia esquecendo dos bondes e ônibus elétricos, esses últimos cheguei a ver quando criança nos anos sessenta. Levantamos o olhar e vemos o fundo do cenário, o mar e o Cristo, só nos resta agradecer por vivermos em um lugar especial, mesmo que grande parte dos habitantes sejam vilões cruéis, sempre teve a outra parte, na qual humildemente me incluo, a dos artistas, dos mais ilustres e famosos aos mais simples e desconhecidos, mas todos com a mesma energia de alegria, euforia e oferecendo toda a magia que a arte pode oferecer. Centro do Rio de Janeiro, Centro de irradiação para quem tiver olhos de olhar e coração para aguentar tanta emoção de beleza e novidades culturais. Rio de Janeiro, meu berço natal, NO MUNDO INTEIRO NÃO HÁ CIDADE IGUAL.